O psicanalista italiano Contardo Calligaris nasceu em Milão, cidade italiana, em 1948. Ele realizou seus estudos na Suíça e depois se graduou em Psicanálise na Université de Provence, na França, aí defendendo a tese ‘A Paixão de ser Instrumento’, uma pesquisa que enfoca a prática da burocracia.
Após residir durante 15 anos em Paris, ele viajou para o Brasil, na década de 80, com o objetivo de empreender neste país uma série de conferências, mas ao conhecer a gaúcha Eliana Calligaris, o psicanalista se apaixonou e contraiu matrimônio com a brasileira, a qual lhe deu três filhos.
O relacionamento de Contardo com o pai é abordado em sua primeira obra ficcional, O Conto do Amor, na qual ele resolve mentalmente a imagem paterna, conquista que durante anos de análise ele não atingiu. Calligaris confessa que o lugar preenchido por esta figura em sua mente se transformou, pelo menos parcialmente.
De certa forma ele conseguiu criar um descompasso entre a idéia utópica de pai e a sua imagem real, e ao converter parte da história paterna em ficção, Calligaris logrou conceder ao silencioso pai um estatuto mais humano. Quanto à mãe, ele afirma que também era mais calada. Descendente de um industrial, aos 20 anos ela contraiu matrimônio com um médico atingido por conturbações políticas.
Em 1994, já fixado em solo brasileiro, ele partiu para os EUA, aí residindo durante 10 anos. Em Nova York ele lecionou Estudos Culturais, na New School for Social Research; e na Universidade da Califórnia, em Berkeley, ensinou Antropologia. Mas mesmo durante este período ele continuava a vir ao Brasil mensalmente, para as consultas com seus pacientes, até decidir retornar definitivamente, radicando-se em São Paulo.
O psicanalista publicou, ao longo de sua carreira, várias obras, entre elas Crônicas do Individualismo Cotidiano, de 1996, uma coletânea dos textos escritos para o periódico ‘Folha de São Paulo’, onde desde 1999 mantém uma coluna; A Adolescência, de 2001; Cartas a Um Jovem Terapeuta, lançado em 2004; e seu primeiro livro de ficção, O Conto do Amor, de 2008.
Durante sua estadia no continente europeu, na Suíça, Contardo teve a felicidade de compartilhar da amizade e da parceria intelectual do famoso psicanalista Jacques Lacan. Ele o assessorava, fichando livros para seu mestre. O psicoterapeuta ressalta a dificuldade de se conviver com este profissional, que cultivava uma incomum fobia a despedidas. Eles se encontrariam novamente em Paris.
Calligaris, que domina pelo menos 4 idiomas, é hábil em induzir as pessoas à reflexão sobre a existência humana, contribuindo para amenizar as angústias provocadas pelos desafios contemporâneos. Ele é especialmente versado nas questões da adolescência, etapa da vida que Contardo revela ser portadora de intensa carga cultural, uma das mais potentes fontes de energia da atualidade. É neste sentido que ele enfoca o adolescente, em um de seus livros mais lidos e estudados, A Adolescência.