A escritora inglesa Doris May Tayler, mais conhecida como Doris Lessing, nasceu em Kermanshah, no Irã, em 22 de outubro de 1919. Logo cedo, aos cinco anos, partiu com seus pais, o capitão Alfred Tayler e sua mulher Emily Maude Tayler, nascidos na Inglaterra, para a Rodésia do Sul, atual Zimbábue.
Ao completar sete anos, foi enviada a uma escola interna, sendo posteriormente remanejada para uma instituição escolar direcionada somente para meninas, localizada em Salisbury, hoje chamada de Harare, capital desta nação africana colonizada pelos britânicos.
Depois de contrair matrimônio duas vezes, com sua vida afetiva frustrada, ela se transfere com o filho Peter, em 1949, para a Inglaterra, levando em sua bagagem uma já vasta militância política. Neste país ela dá à luz seu primeiro romance, The Grass is Singing, no qual Lessing narra a profunda interação entre a esposa de um fazendeiro branco e sua empregada negra. O livro logo se torna um êxito no continente europeu e nos EUA.
Sua obra lançada ao longo dos anos 50 e início da década de 60, normalmente contextualizada no continente africano, revela cruamente a opressão econômica à qual os negros são submetidos pela vergonhosa colonização branca, ao mesmo tempo em que revela a dimensão infecunda da cultura dos colonizadores na região sul da África.
A ousadia política de Doris, principalmente em sua escrita, lhe vale a condição de persona non grata no Zimbábue e na África do Sul, a partir de 1956. Autora de uma vasta gama de livros, seu trabalho vai desde a autobiografia até a ficção científica, com significativas pitadas de inspiração modernista.
Sua obra enfoca um amplo leque temático, o qual engloba tópicos como raça; função da família e do Homem no grupo social, mais abordada nos textos lançados em fins dos anos 70 e início da década de 80; e gênero, especialmente o feminino, o que lhe permite ser profundamente admirada e cultuada pelas leitoras feministas.
Na obra A Terrorista, lançada em 1985, Doris foca sua atenção na trajetória de uma comunidade de militantes políticos que se apropria de um imóvel na capital londrina; esta narrativa lhe confere o prêmio literário WH Smith. No seu livro The Wind Blows Away our Words, de 1987, a escritora retoma suas preocupações políticas, alvejando claramente a ausência de preocupação da civilização ocidental com a Guerra do Afeganistão, quando este país se encontrava sob o jugo da União Soviética.
Em 1999 a escritora inglesa foi agraciada pela rainha Elizabeth II com o título de Companion of Honour – Companheira de Honra. Doris obteve, em 2007, seu reconhecimento máximo ao ser escolhida para receber o Prêmio Nobel de Literatura, entregue pela Academia Sueca. Esta instituição justifica a premiação como uma recompensa por seu poder de traduzir a questão feminina com um tom cético, vigoroso e idealista.
Doris Lessing foi a 11.ª escritora a conquistar o Prêmio Nobel de Literatura, e a de idade mais avançada a ser presenteada com esta premiação tão ambicionada. Hoje grande parte de seu acervo literário é preservado pelo Harry Ransom Humanities Research Center, um departamento de pesquisas humanas abrigado na University of Texas at Austin.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Doris_Lessing
https://web.archive.org/web/20071013014339/http://oglobo.globo.com:80/cultura/mat/2007/10/11/298101810.asp
https://web.archive.org/web/20130816004359/http://www.wook.pt:80/authors/detail/id/13722
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biografias/doris-lessing/