Domenikos Theotokopoulos nasceu em 1541, na em Cândia, capital da ilha grega de Creta, dominada pela República Veneziana. Conhecido como El Greco, sabe-se muito pouco sobre sua vida. Os poucos documentos que restaram e as interpretações de sua obra revelam uma personalidade inquieta e explosiva, de atitude aristocrática perante o mundo. Pertencia a uma família católica que trabalhava na administração da ilha, a serviço da República de Veneza. Foi na ilha que recebeu seus primeiros ensinamentos sobre pintura que iria explorar e aperfeiçoar mais tarde.
Por volta de 1560 El Greco muda-se para Veneza, embora se tenha poucos registros sobre sua produção nessa época, sabe-se que foi aprendiz do mestre Ticiano e conviveu com intelectuais e artistas. Nessa fase, elementos do Maneirismo começaram a aparecer em sua obra, embora somente mais tarde se acentuassem.
Em 1570, então com vinte nove anos mudou-se para Roma. Nessa cidade consegue penetrar num círculo cultural e social, mantendo relacionamentos intelectuais vantajosos para sua formação. Foi em Roma também que conheceu Michelangelo do qual tinha grande admiração, embora não a reconhecesse suas obras refletem uma ideia diferente. Nessa época o pintor aperfeiçoa suas técnicas e domínio da figura humana, o que fica claro na obra Purificação do Templo (1570-75).
Em 1578 coloca-se a caminho de Toledo, na Espanha, onde viveu até sua morte em 1614. Em Toledo conhece Jerónima de Las Cuevas com quem teve apenas um filho, Jorge Manuel que nasceu em 1578. Especula-se que a união do casal nunca tenha sido oficializada, porém sabe-se que o rosto de Jerónima tenha servido de modelo para a maior parte dos retratos femininos do artista.
Na Espanha recebeu varias encomendas de instituições religiosas. Sua primeira encomenda foi Alegoria da Santa Aliança (1579), encomendada por Filipe II, trabalho de grande importância para sua afirmação em Toledo. Nessa obra há uma combinação de elementos renascentistas e maneiristas que produzem grande expressividade. Seu sucesso resultou na encomenda da catedral de Toledo.
O Enterro do Conde de Orgaz (1586-88), pintado para igreja de São Tomé em Toledo é talvez sua obra mais significativa. A tela retrata um milagre cultivado pela comunidade local que acreditava que o corpo do Conde de Orgaz, no momento de seu enterro, teria sido carregado por duas presenças divinas – Santo Estevão e Santo Agostinho. A obra apresenta uma visão sobrenatural da gloria, onde o pintor distingue claramente o céu e a terra. Na parte inferior estão os elementos que sugerem um funeral, com dois personagens centrais que sustentam o corpo em seus braços, enquanto, ao fundo, são observados por uma comitiva. Já a parte que ocupa a metade superior da obra representa uma comitiva celeste.
El Greco destaca-se também como retratista. Seus primeiros retratos tem grande influência dos ensinamentos recebidos no ateliê de Ticiano como em o Retrato de Giulio Clovio (1570). Já na Espanha pinta principalmente clérigos e nobres, desse período destacam-se: Frei Felix Hortensio Paravicino (1609), Cardeal Don Fernando Niño de Guevara (1600), Jeronimo de Cevallos (1605-1610), O Cavaleiro com a Mão no Peito (1577-1584).
Características importantes do maneirismo são desenvolvidas com vigor na obra do pintor, já firmado em Toledo. El Greco desenvolve inconfundível individualidade e maturidade em suas telas dando-lhes um sentido próprio. Verticalidade, corpos esguios e alongados, rostos melancólicos e misteriosos, cores brilhantes, eliminação da perspectiva de modo a ressaltar as cenas secundárias, além de trabalhar a luz em suas telas de maneira que direciona a luminosidade para os pontos mais importantes.
Referências:
MESTRE da Pintura: El Greco. São Paulo: abril, julho de 1977.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biografias/el-greco/