Getúlio Dornelles Vargas nasceu no Rio Grande do Sul em 19 de abril de 1882. Filho de Manuel do Nascimento Vargas - combatente na Guerra do Paraguai e um dos chefes do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) – e de Cândida Dornelles Vargas, cursou os estudos primários na sua cidade natal (São Borja) transferindo-se posteriormente para Ouro Preto para cursar humanidades. Mas devido aos conflitos entres estudantes gaúchos e paulistas, sua estadia foi curta.
Em 1900 ingressou na Escola Tática de Rio Pardo (RS), tendo ingressando anteriormente na carreira militar chegando ao posto de segundo sargento do 6° Batalhão de Infantaria de São Borja. Em 1902, transferiu-se para o 25° Batalhão de infantaria, em Porto Alegre. Nessa época havia disputa do Brasil com a Bolívia em torno do território do Acre e Getúlio chegou a ser enviado para Corumbá, no Mato Grosso. Porém, com a resolução diplomática do conflito, retornou ao Rio Grande do Sul.
Após sair do exército, ingressou na Faculdade de Direito em 1904. Em 1907 conclui o curso em um momento que já se encontrava envolvido nas disputas políticas com o PPR, tendo fundado o Bloco Acadêmico Castilhista com os colegas da faculdade com objetivo de apoiar as ideias de Julio Castilhos, líder e fundador do PRR.
Em 1908, Vargas chegou a ser nomeado promotor em Porto Alegre, tendo o nome indicado para concorrer a uma vaga na Assembleia Estadual. Nesse período ele retorna a sua cidade natal, constituindo um escritório de advocacia. Mas em março de 1909 é eleito à Assembleia estadual gaúcho, em cargo que ocupou também em 1913, 1917 e 1923. Ao longo desses mandatos se envolveu em um conflito com Borges de Medeiros (antigo aliado e chefe político do PRR que interveio nas eleições de um município), o que resultou em sua renúncia no ano de 1913. Voltou ao cargo político em 1917 após resolver os problemas com Borges de Medeiros. Neste momento, já tinha alcançado prestígio político local e assumido uma posição de destaque na liderança do PRR na Assembleia.
Em outubro de 1922, chegou ao cargo de deputado federal em virtude do falecimento de um deputado gaúcho. Porém, seu mandato não iniciou imediatamente porque foi nomeado por Borges de Medeiros comandante de tropas em São Borja na guerra civil que se instalou no Rio Grande do Sul devido a reeleição deste para governo do estado pela quinta vez.
Em 1924, reelegeu-se deputado federal tornando-se líder na Câmara dos republicanos Gaúchos. Em 1924 posicionou-se ao lado do presidente Arthur Bernardes na repressão aos movimentos de insatisfações quanto ao rumo políticos do governo, sendo o movimento tenentista o pólo mais visível dessas demandas. No governo de Washington Luis havia a preocupação de se aproximar das lideranças estaduais no Rio Grande do Sul e, por esse motivo, Vargas foi nomeado Ministro da Fazenda.
Tornou-se presidente do estado do Rio Grande do Sul em 1928, assumindo o governo com o objetivo pacificador da política estadual. Porém a sucessão de Washington Luís se deu em meio de discordâncias entre as lideranças estaduais de São Paulo e Minas Gerais sobre as eleições federais. O presidente paulista não queria realizar alternância com um candidato mineiro, insistindo em um candidato paulista. Com isso, a oposição viu em Getúlio Vargas uma alternativa. De um lado estava a candidatura oficial a cargo do paulista Júlio Prestes. Do outro lado a figura de Getúlio Vargas como representante da Aliança Liberal que contava com membros gaúchos, mineiros além do apoio doa Paraíba, de dissidências estaduais e do movimento tenentista. Como vice de Vargas, João Pessoa.
Das eleições de março de 1930, Júlio Prestes saiu vitorioso. Porém setores mais radicais da Aliança alegaram fraudes nas eleições não reconhecendo o resultado como legítimo e iniciando a organização de um levante que desembocou na Revolução de 1930. Se de início alguns setores estavam hesitantes, o assassinato de João Pessoa ocorrido em julho serviu como combustível para àqueles que queriam derrubar o governo. Em 3 de novembro de 1930, Getúlio Vargas torna-se chefe do Governo Provisório após a vitória da oposição.
Em 1932 eclodiu em São Paulo a chamada Revolução Constitucionalista que exigia a elaboração de uma nova constituição, demanda que só foi resolvida em 1934 com a promulgação de uma nova Constituição. Após a Constituição, Vargas foi submetido a eleições indiretas que deveriam por fim ao período do “governo provisório”. Ele conseguiu se eleger com 175 votos enquanto seu antigo aliado Borges de Medeiros conseguiu 59.
Alegando ameaças de um pretenso plano comunista no Brasil chamado de Plano Cohen, em 1937 Getúlio fechou o Congresso Nacional - marco que estabelece o início do período do Estado Novo, que se estendeu até o ano de 1945. Foi um período ditatorial em que entrou em vigência uma nova Constituição que estabeleceu, entre outras coisas, a dissolução dos partidos políticos.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a vitória dos países democráticos, havia uma pressão de redemocratização na política brasileira, porém Getúlio Vargas alegava que o movimento “queremista” era uma prova da vontade do povo que ele continuasse no poder. Isto não aconteceu e Vargas foi deposto pelos militares.
Após ser deposto, Vargas chegou a participar da Constituinte de 1946 (sendo eleito pelos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo), porém após vários constrangimentos no parlamento feito por opositores, regressou a sua cidade natal, fixando-se na Fazenda de Itu em um exílio voluntário. Esse afastamento acabou quando nas eleições presidenciais de 1950 Vargas foi eleito com 48.7% dos votos.
Durante todos os anos desse novo governo (1951-1954), Getúlio enfrentou uma forte campanha oposicionista liderada pela União Democrática Nacional (UDN). Em agosto de 1954 um atentado contra o líder oposicionista Carlos Lacerda agravou ainda mais a instabilidade política e as pressões sobre Vargas que não suportando a forte campanha oposicionista que atacava seu legado político além de ataques pessoais, suicidou-se em 24 de agosto de 1954. A sua morte causou reação popular que culpabilizou todos que atacavam Getúlio.
Bibliografia:
Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil – George Ermakoff , Casa Editorial, Rio de Janeiro 2012.