Papa Gregório XII

Por Antonio Gasparetto Junior

Mestrado em História (UFJF, 2013)
Graduação em História (UFJF, 2010)

Categorias: Biografias
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Gregório XII foi o papa de número 205 na história da Igreja Católica.

Angelo Correr nasceu em Veneza, em 1327. Dedicado à vida religiosa, foi o patriarca latino em Constantinopla e, já com mais de 80 anos de idade, foi eleito Supremo Pontífice da Igreja Católica. Angelo assumiu o posto de papa no dia 30 de novembro de 1406 e assumiu o nome de Gregório XII.

O papado de Gregório XII foi dedicado a solucionar o problema do cisma que resultou na figura do antipapa Bento XIII em Avignon. Decidido a solucionar a questão, ameaçou abdicar do cargo, se fosse a saída para chegar à paz. Foi assim que o papa Gregório XII conquistou o clero internacional e os soberanos de diversas regiões. Diante de tal conjuntura, o antipapa Bento XIII ficou encurralado e não teve outra opção do que encontrar-se com Gregório para discutir o cisma.

A disputa entre os dois papas da época arrastou-se por muito tempo. Gregório e Bento não chegaram a um denominador comum no primeiro encontro e a repercussão foi negativa, de maneiras diferenciadas, para cada um deles. Outro concílio foi convocado em Paris, em 1409, por iniciativa do rei. O objetivo, desta vez, era reunir os dois papas e força-los a renunciar. Gregório XII não gostou nada do esquema elaborado pelos cardeais do novo concílio e reagiu bravamente. Excomungou os rebeldes que queriam derrubá-lo e apimentou mais ainda a opinião pública. Com este cenário, mudou-se para Rimini para se proteger e proteger seus interesses papais. Assim estabeleceu-se uma enorme contenda na Igreja Católica.

A confusão gerou um novo concílio em Pisa, ainda em 1409. O encontro reuniu várias autoridades religiosas e doutores em Teologia e Direito Canônico. Durante o concílio, Bento XIII e Gregório XII foram retirados dos cargos que exerciam sob a acusação de serem cismáticos. Rapidamente, apenas dez dias depois, o conclave elegeu Pietro Filargo como novo papa, o qual assumiria o nome de Alexandre V. Mas isso não foi a solução do problema. Defensores dos dois primeiros papas e julgadores do concílio avaliaram que o encontro não tinha valor. O resultado das disputas acabou sendo a existência de três papas simultâneos: Gregório XII, Bento XIII e Alexandre V.

Gregório anunciou em julho de 1409 que só eram legítimos os papas que sediaram seus papados em Roma, uma linhagem que começava em Urbano VI e ia até ele próprio. Assim, não reconhecia Bento XIII e Alexandre V. Porém manteve o discurso que abdicaria do cargo de Supremo Pontífice se os outros dois papas também abandonassem os postos para eleger um único papa. A proposta continuou não sendo aceita e seguiram-se várias disputas. Alexandre V faleceu no dia cinco de maio de 1410, provavelmente envenenado, só que foi rapidamente substituído por João XXIII, que mais tarde teria seu nome cancelado.

Já em 1413, foi convocado um novo concílio no sul da Alemanha para resolver o problema do cisma e, finalmente, eleger um único papa. Entretanto, João XXIII foi o único que esteve presente, o que o garantiu respaldo contra os demais. Gregório percebeu o crescimento de João XXIII, que já havia sido nomeado para presidir o concílio, e refez sua proposta de renúncia dos três papas. Desta vez, a proposta foi aceita. Só que, no desenrolar dos fatos, o antipapa João XXIII perdeu o apoio que tinha conquistado e teve o título de papa retirado no dia 29 de maio de 1415, sendo, inclusive, preso. Por fim, Gregório XII também renunciou, no dia 4 de julho de 1416. Sua saída foi a mais digna. Faleceu no ano seguinte, 1417, no dia 19 de outubro. Para ser o único papa do cristianismo, foi eleito Martinho V como sucessor.

Fonte:
DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos Papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.

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