No dia 12 de outubro de 1831 o povo do Rio de Janeiro amontoava-se para a inauguração do monumento ao Cristo Redentor, no Corcovado. A chuva que até então teimava em empanar a grandeza da cerimônia, escampou e o céu azul, no horizonte, aguardava o anoitecer para que um feito, o da iluminação fosse iniciado.
O mais inédito é que bastava um toque de dedo numa alavanca para que Guglielmo Marconi iluminasse, desde Roma, a estátua erigida no monte. No ano anterior a bordo de seu iate o ‘Elettra’, acendera as luzes da exposição de Sydney, na Austrália. Esse homem de personalidade calma, ponderado e controlado em alguns momentos da vida era muitas vezes entusiasta, apaixonado e ardente, além de possuir uma grande dose de espírito aventureiro.
Desde muito novo lia livros de física e química e conjeturava a possibilidade de descobrir como poderia ser a telegrafia sem fios, reflexionando sobre a propagação das ondas e as pesquisas de Faraday, Maxwell e Hertz. Continua mergulhado no mundo de livros de física e de revistas técnicas e mais uma profusão de fios, transmissores telegráficos, bobinas, condensadores e assim fica moço carregando uma bagagem de conhecimentos científicos, porém sem ostentar nenhum título da educação formal.
Sua primeira transmissão telegráfica sem fio deu-se no jardim da mansão, em que vivia com seus pais e seus dois irmãos, a uma distância de 30 metros e o primeiro sinal transmitido foi a letra ‘S’. Após outras experiências mal sucedidas para aumentar a distância, faz mais uma modificação ao oscilador de Righi, agrega uma complexa teia de fios elevados e enterra no solo um fio de arame, ou seja, cria a antena e o fio-terra. Havia feito nascer a radiotelegrafia.
Seu país, a Itália não o leva a sério o que o faz buscar a pátria materna, a Inglaterra, que põe à sua disposição tudo quanto necessite para suas pesquisas e trabalhos. Faz transmissões do Post Office, de Salisbury, e entre Pernath e Weston, chegando os sinais eletromagnéticos a 15 quilômetros. A partir daí e com o apoio de capitalistas funda a Companhia Marconi, que dirige com pulso firme. Em 1898 pôde inaugurar o primeiro serviço regular de radiocomunicações, desde a ilha de Wight a Bournemouth.
Dois anos depois patenteia seu invento sobre os circuitos fechados e as frequências determinadas. Outro feito importante nessa escalada do grande inventor é conseguir em dezembro do ano seguinte a primeira comunicação radiotelegráfica entre a Europa e a América. Nadando em um mar de críticas e incompreensões por um lado, porém recebendo apoios por outro, como o telegrama de Thomas Edison, finalmente Marconi vê sua genialidade e contribuição reconhecidos em 1909, quando recebe o Prêmio Nobel de Física pelo primeiro salvamento de navio em perigo com o auxílio da radiotelegrafia.
Seu engenho é decisivo três anos depois para salvar 740 passageiros do naufrágio do Titanic e finalmente em 1930 é aclamado presidente da Real Academia Italiana. Morre em seu país no ano de 1937, após uma vida dedicada à pesquisa e consecução de seus objetivos.
Fonte:
D’ELIA, A. Marconi, o animador dos silêncios. São Paulo: Donato. s/d