Joan Miró

Por Felipe Araújo
Categorias: Biografias, Pintura
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Reconhecido como um dos artistas mais influentes e importantes do século XX, Joan Miró i Ferrà nasceu em Barcelona no ano de 1893. Sua obra alcançou campos como a pintura, a escultura, a gravura e a cerâmica, indicando sua complexidade como artista multifacetado.

No ano de 1907, Miró faz sua inscrição na Escola de Belas Artes de La Lonja (Barcelona) para cursar as aulas de desenho de Modesto Urgell, um pintor e dramaturgo espanhol, amigo de Gustave Courbet.

Em 1920, Miró visitou Paris pela primeira vez. Na capital francesa, tornou-se amigo de Picasso. Naquele momento, a França estava se recuperando da Primeira Guerra Mundial e o contexto era de incertezas. Tem início uma grande agitação entre os intelectuais e artistas, então Miró entra em contato com o dadaísmo e outras vanguardas. Ele visita o Museu do Louvre, acompanha as revistas com ideias inovadoras e passeia pelas galerias, captando influências da multiplicidade de artistas vindos de todas as partes.

Retrato de Joan Miró, 1935. Foto: Carl Van Vechten

Ao final dos anos 20, Miró visitou a Holanda, onde ficou impressionado com as obras de pintores do século XVII. No Rijksmuseum (Amsterdã), o artista espanhol foi atraído pela precisão detalhista e perfeição de Van Dyck, Jan Steen, Jan Vermeer e Frans Hals. Assim, começou a trabalhar na série de pinturas Interiores Holandeses. Em Interior Holandês I, Miró dá uma nova interpretação ao jogador do alaúde, do artista Hendrik Martenszoon Sorgh. Já em Interior Holandês II, o pintor espanhol reinterpreta as crianças ensinando um gato a dançar, de Jan Steen. Finalizando, Interior Holandês III atualiza a jovem mulher em seu toalete, obra também de Steen. Ainda naquele período, após retornar a França, Miró se casou com Pilar Juncosa Iglésias, uma malhorquina amiga da família. Em 1930 o casal teve sua única filha, Maria Dolores.

Quando os 1930 tiveram início, uma calmaria sucedeu o período da belle époque, e Miró conseguiu dedicar-se às colagens, técnicas com desenhos em lixa de vidro, entre outras combinações de materiais. Em 1933, partindo dessa fase experimental, surgiram As Pinturas Selvagens (1934-1938), uma série de quinze grandes quadros a pastel. Essa fase de Miró reflete a brutalidade e a monstruosidade, indicando a violência de que era feita a Espanha naquele momento: a morte do líder do partido monárquico, o país dividido, a revolta do Exército contra a República e o desembarque do General Franco para liderar um levante, desencadeando a Guerra Civil espanhola. Ao final daquela década, Miró retornou a Paris fugindo da Guerra Civil. À época, a capital francesa servia com refúgio para os intelectuais perseguidos por Hitler, Mussolini e Franco.

Em 1937 ocorreu a Exposição Universal de Paris, na qual o pavilhão da Espanha reivindicava ajuda internacional contra Franco. Entretanto, os visitantes impressionaram-se com a obra O Ceifeiro, de Miró, representando um camponês revoltado com os braços erguidos e uma foice na mão. Na mesma exposição houve a apresentação da Guernica, de Picasso, também indicando os horrores do conflito espanhol.

O Ceifeiro, obra de Joan Miró.

Ao começo da década de 1940, Miró partiu com sua família para a cidadezinha de Varengeville-sur-Mer, comuna francesa na região da Normandia, pois achava que Hitler iria iniciar uma grande ofensiva contra Paris. Nesta região, iniciou uma série de obras que ficou conhecida pelo nome de Constelações, 23 pequenas pinturas sobre papel. Essa obra representava o isolamento do pintor em relação a um mundo em guerra. Constelações, apesar do período em que foi criada, não emanava violência ou selvageria, são imagens ritmadas e de grande beleza, como nas composições de música clássica.

Em 1942, Miró juntou-se a Llorens Artigas, aventurando-se na cerâmica. Ambos criaram formas estranhas baseadas em pedras e rochedos de regiões montanhosas. Estas peças ganharam uma exposição na Galeria Maeght, em Paris, com o título de Terras do Grande Fogo, e causaram grande sucesso na capital francesa.

A partir de 1955, o pintor espanhol iniciou a realização de dois murais extensos para a área externa dos edifícios da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em Paris. Novamente em parceria com Artigas, buscou inspiração nas pinturas rupestres de Altamira, onde se encontra a Caverna de Altamira. Estudou também os mosaicos de Gaudí e os afrescos do Museu de Barcelona. Em 1959, a dupla recebeu o Grande Prêmio da Guggenheim Foundation devido ao mural da UNESCO.

Ao final dos anos 1970, Miró percebe-se preocupado com seu futuro, criando uma fundação em Mallorca para perpetuar sua obra. Em 1983, o pintor apresenta um quadro problemático em relação a sua saúde. Mesmo sendo obrigado a ficar sentado, não abandonou seus blocos de desenho. Antes de falecer, ainda naquele ano, uma das últimas coisas que fez foi traçar a linha do horizonte, como sempre fazia o seu primeiro mestre, Modesto Urgell.

Bibliografia:

https://www.lacamaradelarte.com/2019/02/biografia-joan-miro.html

https://arteref.com/arte-moderna/joan-miro-biografia-obras-e-curiosidades/

https://www.institutotomieohtake.org.br/exposicoes/interna/joan-miro-a-forca-da-materia

https://spaneasylearning.com/es/blog/historia-del-arte-de-espana-joan-miro/

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