João Calvino, batizado Jean Cauvin, nasceu em Noyon (10/07/1509), filho de Gérard Cauvin, oficial da Igreja católica na cidade, e de Jeanne de Lafranc, filha de abastado hoteleiro de Cambrai e influente membro da sociedade de Noyon. Católicos praticantes, consagraram dois filhos ao sacerdócio, Charles e Jean. Com os rumores da Reforma, Gérard passou a questionar a validade de preparar Jean para o sacerdócio. Obediente ao pai, Jean deixou Paris e seguiu estudos em Orleans, depois em Bourges (Direito). Depois, Letras Clássicas (Paris). Em 1532, Jean Cauvin publicou seu comentário da obra de Sêneca, De Clementia (sobre a clemência), conclamando o rei Francisco I a usar de clemência para com os reformadores, posto que a Igreja francesa condenava impiedosamente quaisquer novas ideias que surgissem no campo do religioso.
A conversão de Cauvin ao protestantismo ocorreu entre 1532 e 1533, quando residira na casa de Etienne de Laforge, adepto da Reforma, e tornou-se amigo de outro novo adepto da Reforma, Nicolas Cop, professor de filosofia na Sorbonne. Foi a partir de então que começou a ocorrer a metamorfose de Cauvin em Calvin, tornando-se militante nas disputas dos Placards contra a missa católica e após prefaciar a Bíblia de Olivétan, traduzida para o francês por este seu primo. Sua postura anticatólica o fez fugir de Paris para Angoulême (onde iniciou as Institutas) e depois para Ferrara (Itália), onde mudou seu nome para Calvin, para fugir às perseguições.
Calvino acabou passando por Genebra, onde encontrou Farel, líder protestante que começara ali a Reforma e obrigou Calvino a ficar em Genebra. Sua primeira permanência ali durou de 1536 a 1538, mas fracassou na ajuda a Farel de impor uma reforma tão radical, mesmo tendo escrito “Artigos Sobre o Governo Local” e “Confissões de Fé”, precisou ser expulso de Genebra. De lá para Estrasburgo, onde se casou, amadureceu, elaborou uma constituição religiosa baseada nas “Instituições”, participou de congressos, fez amigos reformadores e se tornou impressionante teólogo e pastor de refugiados das perseguições, até 1541, quando Genebra o chamou de volta, para impedir a tentativa do cardeal La Baume de restaurar o catolicismo numa cidade que se tornara reformada (Lux post Tenebras). Mais experiente, Calvino faz uma segunda e definitiva passagem por Genebra, onde veio a ser considerado o grande “reformador universal”. Participou do Conselho da Cidade para assuntos eclesiásticos, sem poder decidir, pois era estrangeiro, mas onde exerceu grande influência a respeito de seu governo civil, ajudando a elaborar leis, fundando a Academia de Genebra que foi a escola de grandes reformadores de toda a Europa, tornando Genebra o principal centro protestante da Europa. Calvino e o Conselho de Genebra estabeleceram importantes reformas na Igreja na cidade, onde trabalhou até a sua morte, em 27/05/1564, deixando um legado imenso, muitas obras publicadas e com seguidores do sistema presbiteriano (governo coletivo de presbíteros), mais tarde chamado de calvinismo, em toda Europa Ocidental onde foram chamados de huguenotes (França), presbiterianos (Escócia), puritanos (Inglaterra) e protestantes (Holanda). Do século 16 até hoje tem se espalhado por toda a terra o cristianismo de orientação calvinista.
Referências bibliográficas:
SILVESTRE, Armando A. Calvino: o potencial revolucionário de um pensamento. São Paulo: Vida, 2009.
______. Calvino e a resistência ao Estado. São Paulo: Mackenzie, 2003.
CHAUNU, Pierre. O tempo das reformas (1250-1550): a Reforma protestante. Lugar na História, v. 49-50, Edições 70, 1993.
MARTINA, Giacomo. História da Igreja: de Lutero aos nossos dias. V. 1: A era da Reforma. São Paulo: Loyola, 1997.
Webgrafia:
https://www.ebiografia.com/joao_calvino/
http://www.mackenzie.br/7034.html
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biografias/joao-calvino/