O nome verdadeiro de Zé do Caixão, um dos maiores cineastas brasileiros, é José Mojica Marins. Por ironia do destino, ele nasceu em uma sexta-feira 13 do ano de 1936, no bairro da Vila Mariana, São Paulo (SP). Envolvido no mundo das artes desde a infância, Mojica era filho de artistas de circo que, após diversas excursões, resolveram-se fixar residência na parte dos fundos de uma sala de cinema que pertencia a alguns familiares. Seu pai trabalhou como gerente desta sala quando o Mojica tinha apenas 3 anos de idade. Desde então, o pequeno Zé do Caixão não seria mais visto longe das telas.
Ao contrário dos outros garotos, que gostavam de ganhar brinquedos, José Mojica Marins descartou ganhar uma bicicleta e pediu ao seu pai um presente nada convencional, uma máquina de filmar. Assim, teve início uma das mais longas histórias de um garoto “com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”.
Durante os anos 40, José Mojica Marins começa a criar seus primeiros filmes com os poucos recursos que tinha. Como cenário, utilizava um galinheiro abandonado. Para conseguir financiar seus projetos, organizava bailes junto a seus amigos. Naquele período apareceram projetos como “Os lugares por onde passei” e “O juízo final”, ambos do ano de 1949. Porém, a maioria das produções de Mojica daquela época não resistiu à degradação causada pelo tempo. Uma das poucas que sobraram foi “Reino sangrento”, de 1950, da qual se tem registros em 16 milímetros.
Cinematográfica Atlas. Dessa forma foi batizada a produtora inicial de José Mojica Marins, nome também utilizado para sua escola de atores, que ficou conhecida popularmente como “escolinha do Mojica”. Tempos depois, em conjunto com Augusto de Cervantes e já na Apolo Cinematográfica, ele realizou, entre os anos de 1957 e 1958, “A sina do aventureiro”, um longa-metragem no estilo faroeste. Isso aconteceu após a frustração de não conseguir realizar, dois anos antes, o filme “Sentença de Deus”.
Apesar de ser extremamente conhecido no Brasil e no exterior pelos filmes de horror, José Mojica Marins transitou por vários gêneros que vão do western à pornochanchada. A criação do personagem Zé do Caixão é de sua autoria e a inspiração para o “monstro barbudo de unhas enormes” veio após um sonho. Por falta de dinheiro e poucos atores à disposição, o próprio Mojica atuou como Zé do Caixão e acabou ficando mais conhecido pelo nome marcante do personagem, chamado de Coffin Joe em língua inglesa. Com o lançamento dos filmes “À meia-noite levarei sua alma”, feito entre os anos de 1963 e 1964, e “Esta noite encarnarei no teu cadáver”, realizado entre 65 e 66, o personagem criado por Mojica virou um marco do cinema de nacional.
Conhecido mundialmente por realizar filmes com o baixo orçamento que tinha em mãos, José Mojica Marins tinha a habilidade de improvisar de forma criativa, buscando alternativas de baixo custo, mas sem deixar que a qualidade dos filmes fosse afetada. Obviamente, como na carreira de todo cineasta, Mojica cometeu erros, mas, quando acertava, acertava em cheio.
Fontes:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/ny3110201118.htm
http://www.portalbrasileirodecinema.com.br/mojicaexpo/
http://spoilermovies.com.br/2008/07/19/ze-do-caixao-retorna-as-telas-a-meia-noite/
http://www.24horasnews.com.br/m175022/cineclube_coxipons_exibe_esta_noite_encarnarei_no_teu_cadver_.html