Lev Davidovitch Bronstein, mais conhecido como Leon Trótski, nasceu em 8 de novembro na cidade de Ianovka – hoje região central da Ucrânia. De origem judaica a família Bronstein fugindo de perseguições mudou-se para uma pequena aldeia na província de Kherson, na Rússia.
O velho Bronstein arrendou algumas terras e deu início a cultivos de cerais e pastoreio. Logo tornou-se proprietário do único moinho a vapor da região, seus vizinhos faziam fila para moer os grãos em seu maquinário e, assim a propriedade começou a prosperar e aumentar.
Embora não fossem da alta sociedade, sua família vivia confortavelmente. Não tardou para que o jovem, oriundo da pobreza, percebesse o olhar de desdém nos funcionários da fazenda de seu pai. Provavelmente ali tenha começado a perceber as agruras entre as classes sociais.
Lev Davdovidovitch estudou em Odessa, mas a escola que frequentava não oferecia a última série, de modo que se mudou para a cidade de Nikolaiev, para ficar mais próximo da família. Foi nessa cidade, aos dezesseis anos, que teve o primeiro contato com os populistas (narodnik) e os marxistas. Nesse primeiro momento, opunha-se às ideias marxistas, acreditava que elas iam contra a individualidade, mas na verdade é que ele não conseguia compreendê-las em sua totalidade, pois todo o material que os marxistas de Nikolaiev tinham era uma versão manuscrita e mal traduzida do Manifesto do Partido Comunista. Ali também conheceu uma marxista seis anos mais velha, Aleksandra Lvovna. Eles “foram protagonistas de uma comédia adolescente em que questões políticas se misturavam à guerra entre os sexos” (Wilson, 2020, p. 463).
Em 1898, após a atuação em uma greve foi preso pela primeira vez, passou três meses na solitária, depois foi transferido para uma prisão em Odessa em que pode ter contato com a família e casou-se com Aleksandra. Depois de dois anos preso, foi condenado a mais quatro anos de exílio na Sibéria. Lá começou a dedicar aos estudos marxistas.
Em 1902, as agitações políticas na Rússia intensificavam-se, naquele momento o casal já tinha duas filhas, mas Aleksandra sugeriu que ele fugisse. Posteriormente, em sua autobiografia, escreveria “a vida nos separou”. Quando chegou na ferrovia transiberiana, camaradas deram-lhe um passaporte falso que ele precisava preencher rapidamente, o nome que lhe veio à mente naquele instante foi o de um dos carcereiros da prisão de Odessa: Trótski.
Foram várias as cidades da Europa que percorreu até chegar a Londres, em outubro de 1902, e conhecer Lênin. Assim como outros exilados, mudavam-se constantemente e em 1905, já em Paris, conheceu Natalia Ivanovna Sedova, com ela constituiu um segundo relacionamento com quem teve dois filhos.
Depois do domingo sangrento de 1905, os exilados acreditam ser um momento oportuno para retornar para casa e dar início à revolução. Mais uma vez Trótski é preso. Condenado ao exílio na Sibéria, dessa vez fugiu antes de chegar ao seu destino. Berlim, Viena, Zurique, Madri, Paris e Nova Iorque foram algumas das cidades em que viveu até 1917.
Quando a Revolução de Fevereiro (1917) eclodiu e os mencheviques concederam anistia a todos os exilados políticos, Trótski retorna à Rússia. Aliado aos bolcheviques participa da Revolução de Outubro. O que se segue é o período da Guerra Civil (1918-1921), em que Leon é um dos comandantes das tropas do Exército Vermelho.
Após a morte de Lênin em 1924 trava-se uma batalha no comando do Partido entre Trótski e Stálin, este sai vitorioso. Em 1927 é expulso do Partido e em 1929 é condenado ao exílio.
Depois procurar asilo político em vários estados encontrou abrigo no México, em 1937, por intervenção do artista Diego Rivera. Quando Trótstki e Sedova desembarcaram no México foram recebidos, na ocasião pela esposa do pintor, Frida Kahlo.
O casal de artistas cedeu à família uma de suas casas, com direito a barricadas, seguranças e sistema de alarmes. A proximidade entre Frida e o revolucionário russo deu origem a um breve romance entre eles, influenciando na obra da artista e terminando com uma amizade entre os dois.
Mesmo diante de toda a segurança que lhe foi oferecida, Trótski sofreu dois atentados, por agentes a serviço de Stalin. O primeiro, sem sucesso. No segundo, o espanhol Ramón Mercader infiltrou-se na família ganhando a confiança da casa e no dia 20 de agosto de 1940, com uma picareta escondida sob um sobretudo acertou o velho revolucionário que morreu um dia depois no hospital.
Bibliografia:
FAUSTO, Ruy. Trotski, a democracia e o totalitarismo (a partir do Trotsky de Pierre Broué). In: Lua Nova: Revista de Cultura e Política, nº 62. São Paulo: CEDEC, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ln/a/jYKZ4wbRmMrgLwNpnmcTx5v/?lang=pt, acesso em 04 nov. 2021.
GOTTHARDT, Alexxa. How Frida Kahlo’s Love Affair with a Communist Revolutionary Impacted Her Art. Disponível em: https://www.artsy.net/article/artsy-editorial-frida-kahlos-love-affair-communist-revolutionary-impacted-art, acesso em 04 nov. 2021.
WILSON, Edmund. Trótski: A jovem águia. In: Rumo à estação Finlândia. São Paulo: Companhia de Bolso: 2020, p. 458-484.
______________. Trótski identifica história consigo próprio. In: Rumo à estação Finlândia. São Paulo: Companhia de Bolso: 2020, p. 485-503;