Se dos escritores Joseph Droz e Sílvio Pellico, Louis Pasteur recebeu, no Liceu Besançon, a influência da devoção à honra e ao trabalho, do Sr. Romanet , diretor do colégio de Arbois, já trazia a convicção da frase “Um homem instruído vale por dois, um homem educado vale por dez!”
Seu empenho lhe rende alguns anos depois, ser convidado para assistente do mestre Balard, recém nomeado para a Academia de Ciências, e de quem Pasteur se torna um pilar nas atividades. Aí é convidado ainda para um trabalho em comum com August Laurent sobre uma teoria que já o interessava denominada das ‘substituições’, o que lhe permite, pelas investigações químicas, conhecer certas formas cristalinas dos ácidos tartáricos e dos tartaratos em geral. Após seu casamento com Marie Laurent e algum tempo em Estrasburgo como professor de química da Faculdade, volta à Academia de Ciências e se consagra ao laboratório rejeitando candidatar-se a vagas na Seção de Física ou de Química, empenhando-se cada vez mais a experiências que visavam modificar a forma cristalina de certas substâncias químicas. Consegue após viagens ao exterior, e intensas pesquisas, desvendar o famoso ácido racêmico.
É nomeado professor na nova Faculdade de Ciências de Lille e devido ao seu empenho e já merecida fama, as aulas de química que eram frequentadas por poucos alunos passam a ser assistidas por quase trezentos. Lança-se com afinco e ardor sobre seus estudos sobre as fermentações e privilegia a fermentação do leite azedo. Descobre o fermento láctico e a partir daí vai para Paris e em seu humilde laboratório descobre a fermentação alcoólica. Não cessam suas interrogações quanto á origem desses fermentos, levedos e dos seres microscópicos.
A árdua tarefa que se lhe apresenta é a luta contra a ignorância até do mundo científico em geral que admitia como verdade o princípio da geração espontânea, ideia essa que se contrariada resultaria em incompreensão e vaidades feridas. Obtém a filtragem do ar em um algodão e com a matéria aí depositada, submetida ao microscópio encontra os espórios e germes; dessa conclusão parte para estudos mais significativos e aos poucos recebe valiosas contribuições de toda a França.
A partir daí, estuda sobre o cogumelo Mycoderma aceti, responsável pela transformação do álcool em vinagre e consegue elucidar dois males que atacam o bicho-da-seda, a flacidez e a pebrina. Parte para o estudo das doenças contagiosas e recomenda a assepsia do instrumental e das mãos. Estudando uma doença que atacava a carneiros, bois e cavalos, após pesquisas conclui que “ as bacterídias não são, (...) nem a causa, nem o efeito necessário da moléstia carbunculosa, sendo a sua causa um vírus”.
Afirma ainda que a triquinose é a doença da triquina, a sarna do ácaro (que lhe é próprio) e ainda encontra o vibrião que é responsável pela septicemia; verifica que a bacterídia carbunculosa é aeróbia e o vibrião séptico é anaeróbio, ou seja, pode viver sem oxigênio do ar, o que torna necessário seu cultivo no ácido carbônico. Essa descoberta é uma resposta à experiência de Paulo Bert, pois mostra que a pressão do oxigênio que fora injetada no sangue destrói as bacterídias filamentosas e não os vibriões.
Os micróbios, palavra introduzida por Sédillot, passam a ser perseguidos por Pasteur nos hospitais que percorre, pois a febre puerperal era responsável por dizimar milhares de mulheres. Ao mesmo tempo continua sua luta para dizimar a doença do carbúnculo e pela urgência da situação, pois carneiros e bois continuavam a morrer por isso, resolve então aplicar os princípios descobertos por Jenner (1775), para a varíola, ou seja, a atenuação do vírus, como vacina, a forma benigna da enfermidade. Abre assim, o pesquisador, caminho para novas descobertas e atende aos pedidos do mundo para resolver os males da peste bubônica, a cólera dos homens e dos animais, o mal rubro e a raiva.
Dedica-se ao estudo dessa última e pela experimentação conclui que o vírus rábico não está somente na saliva, pois pelo processo de inoculação comprova sua presença no cérebro. Obtém pelos meios anteriores utilizados, a vacina, e a aplica em animais. Satisfeito com os resultados obtidos resta-lhe ainda responder à pergunta feita pelo Imperador do Brasil, por carta, se no ser humano a vacina já poderia ser aplicada. A resposta a isso veio do pequeno Joseph Meister, apresentando quatorze mordeduras pelo corpo e que foi salvo após receber 16 aplicações da vacina.
Outras curas se sucederam e graças ao salvamento de dezesseis russos, recebeu Pasteur do tzar a cruz de diamantes da Ordem de Santa Ana da Rússia e cem mil francos para a construção do Instituto Pasteur, um grande dispensário para o tratamento da raiva e centro de ensino, que foi inaugurado a 15 de novembro de 1888.
O grande cientista morreu a 27 de setembro de 1895.
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Fonte:
Grandes Vocações: Cientistas. V.5 São Paulo: Donato, [s/d].