Lúcio Flávio Villar Lírio (Rio de Janeiro, DF, 1944 — Rio de Janeiro, GB, 29/01/1975) foi um criminoso brasileiro, precursor dos assaltos a banco no Brasil, famoso na década de 70 do século XX, sendo o marginal mais procurado pela polícia à época. Utilizava os nomes de Marcos Wolkllevit Júnior, Rafaelio Wandencock e Marcelo Fleming Spittscakoff e era considerado um bandido refinado e inteligente, originário da classe média alta carioca dos anos 60 e 70.
Sua trajetória como criminoso se inicia em 1968, quando o regime militar interrompe a sua candidatura a vereador por Vitória (ES), sendo que a partir daí, inicia contatos com outros jovens de sua idade e montam uma quadrilha para roubar carros. Já aos 30 anos acumulava 32 fugas, 73 processos e 530 inquéritos por roubo, assalto e estelionato. A família de Lúcio Flávio era considerada abastada, sendo seu pai ligado ao PSD e também cabo eleitoral de Juscelino Kubitschek. Um episódio não confirmado é atribuído à família do jovem Lúcio, e que buscar explicar os motivos que o fizeram contestar as autoridades e optar pelo mundo do crime: durante uma festa de casamento, onde a família de Lúcio Flávio estava toda presente, agentes do DOPS invadiram a reunião, espancaram sua mãe e enfiaram a cara de seu pai no bolo da festa, devido às ligações de seu pai com o ex-presidente.
Em sua última prisão, em Belo Horizonte, pronunciou a frase com que ficaria lembrado: "Bandido é bandido, polícia é polícia, como a água e o azeite, não se misturam". A declaração fazia referência ao fato da prática de muitos policiais, assim como ocorre ainda hoje, participarem do crime organizado ao mesmo tempo em que mantêm seus cargos na polícia. Isso significa que tal indivíduo não teria a honra de ser chamado de policial, era apenas mais um marginal como os outros, o que de muitas maneiras, não deixa de ser verdade. Apesar de sua ligação com o crime, ajudou a desmascarar um grupo de policiais cariocas pertencentes ao Esquadrão da Morte, entre eles Mariel Mariscot, um dos homens de elite da polícia do Rio, e que mantinha ligações com criminosos.
Ao ser preso pela última vez, em 1974, em Belo Horizonte, foi recambiado para o complexo prisional Frei Caneca, no Rio de Janeiro. Lá, seria morto por "Marujo", seu companheiro de cela, no início de 1975, com 28 facadas. O assassino de Lúcio Flávio logo teria o mesmo destino, assassinado por outro preso, que por sua vez, também seria assassinado dentro da prisão.
O grupo que Lúcio Flávio liderava foi aos poucos sendo abatido pela polícia ou assassinado dentro das prisões cariocas: Liéce de Paula Pinto e Nijini Renato Villar Lírio (irmão de Lúcio Flávio) foram executados pela polícia; para simular um confronto e justificar a morte dos dois, os policiais levaram os corpos próximo ao hotel Plaza e colocaram dentro de um carro, metralhando-os novamente para simular uma resistência à prisão. Outros comparsas, como Rivaldo Morais Carneiro, o "Martha Rocha", Antonio Branco, e Francisco Rosa da Silva, o "Horroroso" foram metralhados no Presídio Evaristo Moraes Filho, na Quinta da Boa Vista, após liderarem uma rebelião e matarem um refém, o coronel da PM Darci Bitencourt. Fernando C.O., cunhado de Nijini, foi morto dentro da Frei Caneca por outros bandidos; Júlio Augusto Diegues, o Portuguesinho, seria morto no mesmo local, pouco depois após estrangular outros presos com a ajuda de um comparsa.
Bibliografia:
Lúcio Flávio Villar Lírio. Disponível em: <http://www.cyberpolicia.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=238&Itemid=5> . Acesso em: 03 set. 2011.