Maria Clara Machado foi uma escritora e dramaturga brasileira, autora de famosas peças infantis e fundadora do Tablado, escola de teatro do Rio de Janeiro. Nascida em Belo Horizonte, em 1921, Maria Clara mudou-se para o Rio de Janeiro aos quatro anos, indo morar em Ipanema. Seus pais, Aracy e Aníbal Machado tiveram cinco filhas, todas de nome Maria: Celina, Clara, Luiza, Ana e Ethel.
Aníbal Machado, pai de Maria Clara, era escritor, crítico literário e um agitador cultural. Amigo de inúmeras personalidades da elite intelectual e artística da época, mantinha em sua residência um encontro dominical. Nos encontros em sua casa, compareciam figuras como os escritores e poetas Albert Camus, Pablo Neruda, Murilo Mendes, Dante Milano, Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, João Cabral de Mello Neto, Adalgisa Nery, entre outros, artistas plásticos como Ismael Nery, Di Cavalcanti, Goeldi, Guignard, Portinari, Fayga Ostrower, Glauco Rodrigues, Anna Letycia, e muitos mais.
Além dessas importantes influências, as experiências bandeirantes levaram Maria Clara Machado por caminhos que a aproximaram ainda mais das artes e, principalmente, do teatro. Através do bandeirantismo, também reviveu as aventuras na natureza pelo interior do Brasil, natureza que lhe marcara a infância. A ligação com a Igreja Católica a aproximou das senhoras do Patronato Operário da Gávea. Trabalhando também no Instituto Pestalozzi, começou a escrever histórias para o teatrinho de bonecos.
Em 1950, Maria Clara Machado conseguiu uma bolsa para estudar teatro em Paris. Permaneceu por um ano na capital francesa, tendo estudado improvisação com o grande mestre Charles Dullin. Ao voltar para o Brasil, Maria Clara Machado, com muita vontade e entusiasmo para atuar, deu-se conta de que não tinha o mesmo problema de seus amigos atores franceses: a falta de palco! O Patronato da Gávea possuía um palco e Maria Clara já utilizava este espaço para um trabalho de recreação com as crianças da região.
Em 1951, juntou-se a outros jovens amigos, que fundaram o grupo de Teatro Amador O Tablado. Considerada a maior autora de teatro infantil do país, Maria Clara Machado escreveu quase 30 peças infantis, livros para crianças e 3 peças para adultos (“As interferências”, “Os Embrulhos” e “Miss Brasil”).
Sua primeira grande peça, “O boi e o burro a caminho de Belém”, de 1953, era um auto de Natal que rendeu ótimas críticas. A peça foi originalmente escrita para teatro de bonecos, mas, no fim, acabou sendo montada com atores.
Foi em 1955 que surgiu o maior sucesso do Tablado e o texto mais montado de Maria Clara Machado: “Pluft, o fantasminha”. Essa peça, que conta com humor, poesia e diversas situações, é considerada pela própria autora como sua obra mais completa.
Depois do sucesso de “Pluft, o fantasminha”, Maria Clara Machado escreveu mais de 25 peças, entre as quais “O cavalinho azul”, “A bruxinha que era boa” e “A menina e o vento”.
Sua última peça foi escrita em 2000, “Jonas e a baleia”, na qual Maria Clara reconta esse episódio bíblico em parceria com Cacá Mourthé. Faleceu aos oitenta anos no Rio de Janeiro.