Filósofo francês, Michel Foucault é conhecido por suas teorias acerca da relação entre poder e conhecimento, e como estes são usados para o controle social através das instituições. Iniciou seu trabalho com uma aproximação do movimento teórico em antropologia social conhecido como estruturalismo, do qual veio a se distanciar mais tarde, que lhe rendeu o desenvolvimento de uma técnica historiográfica própria, a qual chamou "arqueologia".
Foucault procurou colocar sua posição filosófica em prática, tornando-se membro ativo de diversos grupos envolvendo campanhas anti-racismo, anti-abusos de direitos humanos e lutas por reformas do sistema penal. Entre seus trabalho mais relevantes estão A Arqueologia do Conhecimento, Vigiar e Punir, e História da Sexualidade, nos quais desenvolveu seus métodos arqueológicos e genealógicos de leitura histórica, através dos quais enfatizava o papel do poder na evolução do discurso em sociedade.
De acordo com o filósofo americano Philip Stokes, de forma geral, o trabalho de Foucault é obscuro e pessimista, mas permite algum espaço para o otimismo, na medida em que ilustra como a filosofia pode nos auxiliar a enxergar áreas de dominação. Stokes afirma ainda que, ao enxergarmos estas áreas com maior clareza nós somos capazes de entender como somos dominados e conceber estruturas sociais que minimizem o risco da dominação. Em todos estes desenvolvimentos, de acordo com a forma como Stokes vê a filosofia de Foucault, deve imperar a atenção aos detalhes, são os detalhes que individualizam as pessoas.
Posteriormente Foucault defendeu que o seu trabalho tratava de caracterizar os diferentes modos pelos quais a sociedade expressa o uso do poder para objetificar os sujeitos. Diferindo de interpretações gerais que entendiam seu trabalho como uma tentativa de analisar o poder como um fenômeno. O ponto que subjaz todo o trabalho de Foucault é a relação entre poder e conhecimento. O autor procurava entender como o conhecimento é usado para controlar e definir o poder. Esta pesquisa tomou três formas especificas:
- A autoridade científica que classifica e ordena o conhecimento acerca das populações humanas.
- A categorização dos sujeitos humanos em padrões normativos, identificando elementos como problemas mentais, características físicas e doenças.
- Uma tentativa de compreender como o impulso de padronizar a identidade sexual acaba por ser uma espécie de treinamento de rotinas e práticas que levam a reprodução dos padrões estabelecidos na sociedade da qual o sujeito faz parte.
A conexão entre estes três itens está na afirmação de que, aquilo que a autoridade afirma ser conhecimento científico seria na verdade uma forma de controle social. Foucault defende que não há conhecimento científico genuíno e que, por exemplo, a loucura seria meramente uma classificação para marginalizar sujeitos indesejados pelo padrão da sociedade.
O filósofo Richard Rorty argumentou que a chamada arqueologia do conhecimento de Foucault não apresenta qualquer aspecto positivo, ao falhar no estabelecimento adequado de qualquer nova teoria do conhecimento, sendo fundamentalmente negativa, ao apenas recusar a teoria do conhecimento estabelecida. De acordo com Rorty, tudo que Foucault faz é apresentar algumas máximas acerca de como a história deve ser lida, mas nenhuma teoria realmente estruturada. Embora traga bons lembretes sobre como ler a história sem prender-se a assunções historiográficas antigas.
Referências bibliográficas:
FOUCAULT, M. "Soberania e disciplina". In: Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
GUATTARI, F.; ROLNIK, S. "Cultura: um conceito reacionário?". In: Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: Vozes, 1996.
MILLER, James. The Passion of Michel Foucault . New York: Simon and Schuster, 1993.
MARSHALL, J. On what we may hope: Rorty on Dewey and Foucault. Studies in Philosophy and Education, New York, v. 13, n. 3-4, p. 307-323, Sept. 1994.