O escritor brasileiro, professor de literatura francesa da Universidade Federal da Amazônia e professor visitante de literatura brasileira na Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos, Milton Hatoum, nasceu em Manaus, capital amazonense, em 1952. De ascendência libanesa, começou sua trajetória literária já com um livro premiado – Relato de um Certo Oriente -, publicado em 1990 e vencedor de um dos concursos mais importantes do país, o Prêmio Jabuti.
Duas outras obras se seguiram – Dois Irmãos, de 2001, e Cinzas do Norte, de 2006 –, ambas igualmente laureadas com o Prêmio Jabuti, e esta última premiada com o Prêmio Portugal Telecom de Literatura. Seus livros foram todos publicados pela Editora Companhia das Letras. Recentemente ele trouxe a público uma nova criação, Órfãos do Eldorado, de 2008. Sua obra já foi traduzida em pelo menos oito países.
O escritor tece seus enredos sempre em torno de sua cidade natal, Manaus, mergulhada no espaço aparentemente sem fim da gigantesca Floresta Amazônica. Há também nos seus livros um certo sabor autobiográfico, pois neles ele resgata o universo familiar que testemunhou o desembarque dos primeiros imigrantes, na Manaus do início do século XX. Ao abordar terríveis conflitos familiares, ele enfoca a decadência dos princípios convencionais, sufocados pelo espaço cada vez mais dominado pela voracidade da globalização.
Milton Hatoum aborda, assim, em seus livros, as consequências deste aniquilamento das convenções, o seu reflexo na desorganização das relações familiares, adotando igualmente um certo tom crítico na esfera política, principalmente no que se refere à Ditadura Militar vigente nos anos 60 e 70 no Brasil. O autor evoca os fantasmas do passado para reconstruir no presente as experiências já vividas. Consagrado pela crítica, é considerado um dos principais escritores da literatura contemporânea.
Filho de um imigrante oriental e de uma brasileira de mesma ascendência, desde cedo se revelou para o autor a questão da coexistência com o Outro, com as diferenças. Embora seu idioma fosse o português, esta convivência com árabes provindos do Oriente Médio e com judeus originários do norte do continente africano lhe possibilitou a absorção de uma parcela significativa de suas tradições culturais e religiosas.
Sua infância foi povoada também pelo contato com os índios que também se hospedavam na Pensão Fenícia, local em que passou sua meninice. Todas estas paisagens vão se tornando habituais para Milton, que aos poucos vai assimilando as várias culturas e religiões que o rodeiam.
Outra importante fonte em que sua obra irá beber é a da narrativa oral, que se insinua em sua vida através dos antigos contadores de histórias que passavam amiúde pela sua casa. Estes narradores foram fundamentais na formação literária deste escritor. Os próprios familiares mais velhos, que exerciam profissões nômades, como a de comerciante-viajante, traziam em suas bagagens histórias sobre as regiões por eles visitadas. Estas características imprimem em suas obras as peculiaridades que as elevam ao patamar que elas hoje ocupam.
Seus livros já foram editados em diversos países, entre eles a França, Inglaterra, Portugal, Estados Unidos, Itália, Espanha, Alemanha, Holanda, Grécia e Líbano. Atualmente, o escritor reside na cidade de São Paulo.
Fontes
http://portalamazonia.globo.com/artigo_amazonia_az.php?idAz=794
http://pt.wikipedia.org/wiki/Milton_Hatoum
http://www.hottopos.com/collat6/milton1.htm