Do pai herdou o prazer de escrever e da mãe o intenso sentimento religioso que o levaria ao misticismo. Nicolai Vassílievitch Gógol, nascido na vila da província ucraniana de Vassílievska aos 19 de março de 1809 e sob influência literária de escritores como Goethe, publica, aos vinte anos, o poema Hans Küchelgarten, que após ter recebido críticas negativas tem todos seus exemplares recolhidos e queimados pelo autor.
Fracassa como professor universitário (1834), porém não se abala e publica alguns contos, entre eles Diário de um Louco, que narra as peripécias de um funcionário por ser internado no hospício ao acreditar-se rei da Espanha; e ainda as obras Arabescos e Mirgórod (1835), e O Inspetor Geral (1836) comédia levada aos palcos pelo autor, recebendo crítica dividida, o que abala seu ânimo, levando-o a viajar pela Europa.
Em Roma trabalha arduamente em um novo livro, porém ao saber da morte de Puchkin, cai em profundo desânimo retorna à Ucrânia e novamente a Roma, para finalmente trazer ao público russo em 1841 o manuscrito de sua obra mais importante, Almas Mortas, descrevendo fielmente a Rússia daquela época. Enfrenta problemas com a censura e o pior, o povo russo impacta-se com a negatividade transmitida por essa obra e o escritor sofre os abalos dessas críticas, seu estado nervoso piora, aparenta distúrbios cardíacos e crises respiratórias,sobrevive entre calafrios, angústias e medo. Queima os manuscritos de Extratos de uma correspondência e algum tempo depois reescreve e publica (1846) essa obra na qual relata as impressões de Puchkin ao ler os primeiros capítulos de Almas Mortas.
Como recebe demasiadas críticas, que o levam à depressão e ao desespero, publica no ano seguinte, Confissões de um Autor, um desabafo e protesto contra as críticas que vinha recebendo, pois todos se voltaram contra ele, desde os amigos, os literatos, os políticos, o clero, a família imperial até e principalmente, os inimigos e os críticos.
Foi acusado pela Igreja de possuir um ‘orgulho satânico’ e por outro lado, pelos ascetas, a acusação veio por ter defendido os ‘prazeres mundanos’. Desiludido, queima os manuscritos dessa obra, e descrente da vida ou da salvação da alma, prostra-se em seu leito, recusando a partir de então, ingerir qualquer tipo de alimento, esperando a chegada da morte, que se faz presente em dez dias, em 21 de fevereiro de 1852.