Questões de vestibulares, Enem e concursos sobre o filósofo Nicolau Maquiavel. Ler artigo Nicolau Maquiavel.
Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser:
munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.
possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.
sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.
Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao
valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo
rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.
romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.
redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.
Quanto seja louvável a um príncipe manter a fé, aparentar virtudes e viver com integridade, não com astúcia, todos o compreendem; contudo, observa-se, pela experiência, em nossos tempos, que houve príncipes que fizeram grandes coisas, mas em pouca conta tiveram a palavra dada, e souberam, pela astúcia, transtornar a cabeça dos homens, superando, enfim, os que foram leais (...). Um príncipe prudente não pode nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e quando as causas que o determinaram cessem de existir. (Nicolau Maquiavel, O Príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1997, p. 73-85.)
A partir desse excerto da obra, publicada em 1513, é correto afirmar que:
O jogo das aparências e a lógica da força são algumas das principais artimanhas da política moderna explicitadas por Maquiavel.
A prudência, para ser vista como uma virtude, não depende dos resultados, mas de estar de acordo com os princípios da fé.
Os princípios e não os resultados é que definem o julgamento que as pessoas fazem do governante, por isso é louvável a integridade do príncipe.
A questão da manutenção do poder é o principal desafio ao príncipe e, por isso, ele não precisa cumprir a palavra dada, desde que autorizado pela Igreja.
Maquiavel, pensador político do período moderno, faz severas críticas ao modo de se fazer política no período grego e, sobretudo, no período moderno, isso porque, de acordo com esse pensador político, a política do seu tempo era tomada no sentido aristotélico, ou seja, pensava a partir do que se denomina de dever-ser, em outros termos, pensando o homem, a partir da visão aristotélica, como um animal político, isto é, nascido para a política, uma espécie de o homem como ser comunitário. Por essa razão, Maquiavel, em 1513, escreveu sua famosa obra O Príncipe e, no contexto dessa obra, o autor apresenta a seguinte discussão:
“Necessitando, portanto, um príncipe saber usar bem o animal, desse deve tomar como modelos a raposa e o leão, porque o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não tem defesa contra os lobos. É preciso, portanto, ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para aterrorizar os lobos. Aqueles que usam apenas os modos do leão, nada entendem dessa arte” (MAQUIAVEL. O Príncipe. São Paulo: abril cultural, 978, p. 108. Coleção os pensadores)
Desse modo:
I. Para Maquiavel, a noção de lobo representa o uso da força e, nesse sentido, deve demonstrar coragem e, acima de tudo, poder para aniquilar os lobos. II. Raposa é, no sentido apresentado na assertiva, uma figura metafórica que representa astúcia, sutileza e esperteza para lidar com os adversários. III. A arte política é, no sentido apresentado por Maquiavel, uma forma ética de lidar com os adversários, pois, para esse autor, o homem é um animal político e por isso se traduz como um ser comunitário.
Assinale a alternativa correta, com relação aos enunciados acima:
Apenas a alternativa I está correta;
Apenas a alternativa II está correta;
Apenas a alternativa III está correta;
Todas as alternativas estão corretas;
As alternativas I e II estão corretas.