Anastácio II foi o 50º papa da história da Igreja Católica.
Nascido em Roma no ano 445, Anastácio estava inserido em uma nova e atraente realidade para a Igreja Católica. Naquele mesmo século, a religião havia finalmente alcançado a plenitude em Roma, pois fora declarada religião oficial do Império Romano. Após muitos anos de perseguição de seus seguidores, os cristãos não conviviam mais com o risco constante de martírio ou execuções causadas por imperadores pagãos. Desde Constantino, o cristianismo assumiu um novo status e seus fieis passaram a se locomover com mais tranquilidade dentro do império. No interior da Igreja Católica, no entanto, havia enorme desordem que persistiria por muitos séculos. Clérigos e nobres brigavam constantemente pelo poder, papas eram acusados de heresias e golpes eram tramados por todos os lados. Anastácio, que dedicara toda sua vida à religiosidade, não escaparia dessa realidade. Aos 51 anos de idade ele foi eleito para o cargo máximo da Igreja Católica, sucedendo o Papa Gelásio I.
O Papa Anastácio II logo recebeu acusações e entrou no jogo de tramas pelo poder que pairava sobre a instituição religiosa. Quando o papa acolheu o diácono Fotino de Tessalônica em Roma ambos foram acusados de heresia. Os dois foram acusados de defender que o Espírito Santo não precedia o Pai e de que o Pai era maior que o Filho. Essa situação causou enorme tormenta ao seu papado, uma acusação que teve de superar rapidamente, ainda que paliativamente, para que não perdesse seu posto. Mas o que ocorreu de fato foi que o Papa Anastácio II demonstrou sua afeição por escândalos, pois outra atitude sua, logo em seguida, causaria rumores de descontentamento. O papa tentou acabar com a excomunhão de Acácio, bispo de Constantinopla, ao mesmo tempo em que negociava com Anastácio I, Imperador do Oriente, para restaurar a unidade da Igreja. A situação era, na verdade, muito confusa. Anastácio I era favorável ao monofisismo, uma doutrina cristã considerada herética pela Igreja Católica, e o papa não deixava também de discordar das teorias de Acácio que o levaram à excomunhão. Ou seja, o papa não demonstrava coerência e tampouco firmeza para conduzir seu pontificado e os caminhos da Igreja Católica. E isso não foi tudo. O Papa Anastácio II ainda interferiu na conversão de Clóvis I, Rei dos Francos, e de seu povo, demonstrando, mais uma vez, incapacidade para as responsabilidades que possuía.
Por todos esses aspectos, o Papa Anastácio II não era querido pelo povo e nem mesmo respeitado por seus pares. Durante seu curto papado de quase dois anos, o papa se intrometeu em questões com as quais não sabia lidar. Suas ações erradas e mesmo inocentes demonstraram toda sua fraqueza como líder para solucionar as questões da Igreja Católica, como o cisma com o Oriente. Quando faleceu aos 53 anos de idade, no dia 16 de novembro de 498, sua morte foi considerada uma punição divina. Sua má fama era tamanha e tão duradoura que o poeta Dante Alighieri o transformou em um personagem de sua mais famosa obra, a Divina Comédia, colocando o papa no inferno.
O Papa Anastácio II foi sucedido pelo Papa Símaco.
Fontes:
DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos Papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
FISCHER-WOLLPERT, Rudolf. Os Papas e o Papado. Petrópolis: Editora Vozes.
THOMAS, P. C. A Compact History of the Popes. St Paulos BYB, 2007.