Clemente I foi o quarto papa da história da Igreja Católica.
Nascido em Roma no ano 35, Clemente Romano era filho de uma família hebraica e foi um dos primeiros a receber o batismo de São Pedro, do qual seria, inclusive, discípulo. Clemente foi eleito Sumo Pontífice no ano 88 sucedendo o Papa Anacleto.
O Papa Clemente I restabeleceu a Crisma de acordo com o rito de Pedro, o primeiro papa e seu mestre. Foi também Clemente que iniciou a tradição religiosa do uso da palavra Amém em celebrações. Atribui-se a este papa muitos dos hábitos que são praticados até hoje pelos fieis, ou seja, cerca de dois mil anos depois de seu papado.
Outros fatos importantes também são referentes ao pontificado de Clemente I. Resta-nos ou, pelo menos, se conhece no momento como única obra genuína do quarta papa da história da Igreja Católica uma carta que escreveu para Corinto. Sua autenticidade é comprovada, o que faz do documento o mais antigo documento cristão não incluído no Novo Testamento. Na carta, Clemente I clama pela restauração de bispos e presbíteros que haviam sido depostos em Corinto, tentando manter a ordem e a obediência aos 12 apóstolos de Cristo cria ainda as designações de diácono e propriamente de bispo.
O Papa Clemente I foi um grande defensor da primazia da Igreja de Roma, afirmando que esta e o bispo de Roma, ou seja, o papa, que são os detentores das revelações divinas e que possuem a autoridade necessária para comandar os cristãos.
Atribui-se também a Clemente I outros documentos. Uma segunda epístola seria de sua autoria, mas sabe-se que não foi ele quem escreveu. Esta segunda epístola contém uma homilia que provavelmente fazia parte da primeira epístola que escreveu aos religiosos de Corinto, só que foi considerada como documento diverso mais tarde. Alguns pesquisadores apontam, contudo, que este documento é mais pertinente ao século II. Durante muito tempo, acreditava-se também que uma epístola sobre a virgindade era também de autoria de Clemente I. Uma lenda que já foi contestada, comprovando a ausência de relação entre o autor e o texto. Além disso, há ainda uma série de falsos decretos que contém supostos documentos de Clemente I. Mas a falsidade de todos eles já foi verificada, pois faziam parte de uma artimanha para tentar livrar igrejas e bispos da interferência de arcebispos.
Clemente I viveu em uma época em que as perseguições aos cristãos eram comuns. Em seu papado, houve mais uma grande perseguição. O papa chegou a ser preso pelo imperador romano Trajano e foi condenado a trabalho forçado em seu exílio nas minas de cobre de Galípoli. Forçado a deixar Roma, Clementino I renunciou em favor de Evaristo, alegando que os cristãos não podiam ficar sem um guia espiritual. Em Galípoli foi obrigado a trabalhar, mas ainda conseguiu tempo para converter muitos presos ao cristianismo, o que desagradou o Império Romano. Como punição definitiva, Clemente foi lançado ao mar com uma pedra no pescoço, no ano 100. Seu corpo foi recuperado e enterrado na Criméia e, só mais tarde, transferido para Roma. A vida e a morte de Clemente o tornaram um mártir do cristianismo e em sua honra foi construída a Basílica de São Clemente.
Fontes:
FISCHER-WOLLPERT, Rudolf. Os Papas e o Papado. Petrópolis: Editora Vozes.
DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos Papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biografias/papa-clemente-i/