Dâmaso I foi o 37º papa da história da Igreja Católica.
Nascido em Portugal no ano 305, não há certeza se ele é proveniente de Guimarães ou de Idanha-a-Velha. Sabe-se, contudo, que ele viveu um período de transição quanto à perseguição sofrida pelos cristãos no Império Romano. Até o século III as perseguições eram intensas, variando de acordo com a postura religiosa de cada imperador. Em alguns momentos havia relativa paz. Mas, em outros, a perseguição era extrema, causando a morte de muitos cristãos e mesmo de papas, que eram martirizados. A situação instável avançou pelo século IV, mas a ascensão de Constantino ao poder no Império Romano mudaria a história não apenas de seu império, mas também de todo o Ocidente. Constantino converteu-se ao catolicismo e o tornou religião oficial de Roma. A partir daí, a perspectiva mudaria para os cristãos, já que as perseguições cessariam, pelo menos como eram antes. As condições propícias de melhor estabilidade para o culto levariam os cristãos ao domínio ideológico e político que marcaria toda a Idade Média. No entanto, as disputas políticas pelo poder no interior da própria Igreja Católica e com outros monarcas seria sempre constante. Quando o Papa Libério faleceu, por exemplo, havia uma intensa disputa no seio da Igreja Católica que retardou a eleição do sucessor Dâmaso.
O Papa Dâmaso I foi eleito para ser o sucessor do Papa Libério, no entanto, só ocupou o cargo efetivamente após uma grave disputa com Ursino, que se declarava também papa. Isso aconteceu no início do mês de outubro do ano 366. O papa tinha 61 anos de idade naquela época. Antes do efetivo reconhecimento como Sumo Pontífice, Dâmaso enfrentou dois anos de batalhas sangrentas. Os dois postulantes ao posto montaram exércitos e combateram avidamente em busca do poder que almejavam. Em meio a vários conflitos e elevado número de mortes, Dâmaso foi acusado de assassinato e teve que se defender perante um tribunal imperial. Ursino também recebeu acusações e foi julgado. Porém, como Dâmaso tinha o apoio do Imperador Valentiniano I, ele foi inocentado enquanto seu adversário foi condenado ao desterro.
Passada a tormenta, o Papa Dâmaso I se dedicou à administração da Igreja Católica e à condução de seu pontificado. Como recebeu grande apoio do império para assegurar sua eleição, o papa tratou logo de promover uma aproximação entre o poder temporal e o poder espiritual, os quais entraram em consonância. O pontífice criou, assim, condições propícias para um bom relacionamento com os monarcas e para ter relativa estabilidade para se dedicar às causas religiosas. Agindo muito bem estrategicamente, Dâmaso I teve forças para combater qualquer ameaça de cisma na Igreja. Deixou um importante legado para a história da instituição religiosa como escritor de epigramas e de cartas sinodais, além de ter encomendado uma revisão da Bíblia latina, conhecida como Vulgata Latina, que é uma das mais importantes traduções do livro sagrado para os cristãos. Adotou o hábito de usar o Anel do Pescador, um costume dos papas que dura até hoje, mas, naquela época, tratava-se de um único anel que era passado de um papa para o seu sucessor.
Apesar do caminho sangrento que percorreu para efetivar seu pontificado, o Papa Dâmaso I é reconhecido como um dos mais importantes papas do século IV. Ele permaneceu à frente da Igreja Católica durante 18 anos e faleceu aos 79 anos de idade, no dia 11 de dezembro de 384. Foi sucedido pelo Papa Sirício.
Fontes:
DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos Papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
FISCHER-WOLLPERT, Rudolf. Os Papas e o Papado. Petrópolis: Editora Vozes.
THOMAS, P. C. A Compact History of the Popes. St Paulos BYB, 2007.