Papa Félix III

Por Antonio Gasparetto Junior

Mestrado em História (UFJF, 2013)
Graduação em História (UFJF, 2010)

Categorias: Biografias
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Félix III foi o 48º papa da história da Igreja Católica.

Nascido na Itália no ano 440, a vida religiosa de Félix antes de se tornar papa não é muito conhecida. Sabe-se apenas que era proveniente de uma família nobre de nome Anicia composta por senadores de Roma, ou seja, imagina-se que tivesse respaldo de grande influência nas questões políticas e religiosas. No entanto, deve ter conseguido expandir suas influências sabiamente, pois foi indicado para o posto de papa por Odoacro, rei dos hérulos com atuação fundamental na queda do Império Romano do Ocidente.

Com o falecimento do Papa Simplício, em 483, foi eleito o Papa Félix III no dia 13 de março do mesmo ano. Seu papado dedicou-se a estabelecer a paz no Oriente e combater heresias do cristianismo na época. A luta pela purificação da doutrina envolveu um combate com Eutiques, um monge de Constantinopla que fundamentava o monofisismo. Seus seguidores acreditavam que Jesus Cristo era dotado de apenas uma natureza, a divina. A ideia se contrapunha ao que pregava a Igreja do Ocidente, de que Jesus Cristo era dotado de uma natureza divina e de uma natureza humana, e por isso era considerada herética. Esta tensão realmente incomodava os cristãos romanos da época, que viviam em sérias disputas pela imposição de sua doutrina. O debate criou sérios problemas com o patriarcado de Constantinopla.

As querelas doutrinárias com o Oriente começaram antes ainda do papado de Félix III. Um ano antes de sua eleição, o imperador do Oriente, Zenão, promulgou um documento que parecia defender ou favorecer o monofisismo. No entanto, a Igreja Católica romana havia condenado tal doutrina no Concílio de Calcedônia realizado em 451. Quando assumiu o posto de Sumo Pontífice, Félix III enviou embaixadores a Constantinopla para discutir com o patriarca os motivos e os fins do documento. Para insatisfação do papa, o patriarca Acácio se recusou a abrir mão do que havia ratificado no documento e supostamente ainda tentou corromper os embaixadores. A reação foi enfática, Acácio foi excomungado, criando, assim, sérias desavenças entre Roma e Constantinopla.

A confusão que se criou em torno de disputas doutrinárias gerou um cisma e um ambiente de tensão com a Igreja oriental. O imperador Zenão convenceu o rei dos Ostrogodos, Teodorico, a lutar contra Odoacro, amigo de Félix e quem o havia indicado para papa. O embate resultou na vitória de Teodorico, que ficou com o título de rei da Itália. Nesse contexto, contudo, nem Zenão nem o papa chegaram a vivenciar seu desfecho, ambos faleceram em 491.

O papado de oito anos de Félix III chegou ao fim no dia primeiro de março de 491. O papa está atrelado a algumas curiosidades. Por exemplo, Félix III teve filhos e um deles seria pai do conhecido São Gregório Magno. Outra curiosidade é que Félix III é o único papa enterrado na Basílica de São Paulo Extramuros. Seu sucessor foi o Papa Gelásio I.

Fontes:
DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos Papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
FISCHER-WOLLPERT, Rudolf. Os Papas e o Papado. Petrópolis: Editora Vozes.
MCBRIEN, Richard P. Os Papas: os pontífices de São Pedro a João Paulo II. São Paulo: Edições Loyola, 2000.

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