Leão III foi o 96º papa da história da Igreja Católica.
Nascido em Roma no ano 750, Leão era proveniente de uma modesta família da Itália. Seu envolvimento com a vida religiosa começou muito cedo. Ainda jovem já exercia funções dentro da Igreja Católica. Em sua juventude, foi responsável pelas roupas e os objetos preciosos da Basílica de Latrão. Naturalmente, sua livre circulação por ambientes tão importantes para a religião o colocou em contato com o alto clero, o que certamente influenciou e incentivou sua trajetória. Aos poucos, Leão foi crescendo na importância dos cargos que exercia e estabeleceu uma carreira religiosa promissora. Muito embora ele fosse bem relacionado com o clero, a nobreza romana não agradava de sua presença e do poder que poderia conquistar. De tal maneira que, com o falecimento do Papa Adriano I, a nobreza não desejava que Leão fosse o sucessor na liderança da Igreja. Naquela ocasião, ele tinha 45 anos de idade. Então, o clero contrariou os anseios da nobreza e o elegeu papa no mesmo dia da morte de seu antecessor, 26 de dezembro de 795.
O papado de Leão III já começou enfrentando dificuldades. Isso porque sua eleição desagradou extremamente os partidários de seu sucessor que previam perda de privilégios. A desordem tomou conta de Roma em um ambiente de grande instabilidade. Sem mais o que fazer, a nobreza se deu conta de que a eleição do novo papa era definitiva e que o relacionamento com ele deveria ser revista. A Igreja Católica conseguiu contornar relativamente a tensão que pairava em Roma, criando as condições mínimas necessárias para o pontificado de Leão III. Todavia os adversários e opositores permaneceram presentes, ameaças constantes que poderiam resultar em graves problemas. Um momento agudo do convívio com o risco ocorreu enquanto o papa se deslocava a cavalo de Latrão para San Lorenzo in Lucina no dia 25 de abril de 799. Naquele dia, o papa iria presidir uma procissão, mas foi atacado e ferido no caminho. Por sorte, o ataque não resultou em óbito e o papa conseguiu escapar e se abrigar na Basílica de São Pedro. Certo da extremidade dos riscos que corria e farto das desordens, o papa foi em busca do auxílio de um dos mais importantes monarcas da história da Europa, Carlos Magno. Este ofereceu proteção para o papa retornar a Roma. No ano seguinte, Carlos Magno foi coroado pelo Papa Leão III como imperador, marcando a retomada do Império Romano do Ocidente. Assim, o papa e a Igreja Católica conseguiam uma grande vitória, aliando-se aos francos e libertando-se dos bizantinos. Evidentemente, o status deu grande poder político ao Imperador Carlos Magno, que condenou todos os opositores do papa à morte. No entanto, o próprio Leão III retirou a sentença.
Os adversários do Papa Leão III o acusavam, entre outras coisas, de adultério. Os boatos se espalharam rapidamente colocando em dúvida a integridade do pontífice. Foi preciso que o papa assinasse uma declaração solene no ano 800 jurando não ter cometido os crimes que eram imputados a ele. Após a coroação de Carlos Magno, famílias nobres de Roma se revoltaram novamente causando novas conturbações.
O Papa Leão III deixou como legado a condenação do adocionismo, uma visão teológica do cristianismo primitivo que alega que Jesus nasceu humano e só se tornou filho de Deus em seu batismo. Seu pontificado chegou ao fim no dia 12 de junho de 816, quando faleceu aos 66 anos de idade e após 21 à frente da Igreja Católica. É considerado santo. Seu sucessor foi o Papa Estevão IV.
Fontes:
DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos Papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
FISCHER-WOLLPERT, Rudolf. Os Papas e o Papado. Petrópolis: Editora Vozes.
THOMAS, P. C. A Compact History of the Popes. St Paulos BYB, 2007.