Lúcio II foi o 166º papa da história da Igreja Católica.
Nascido na Bolonha, Itália, no ano 1095, Gherardo de Caccianemici foi um homem dedicado à vida religiosa desde cedo. Certo de sua aptidão, tornou-se padre em sua cidade natal, de onde iniciaria uma escalada hierárquica na Igreja Católica que o levaria a posições de destaque. Os méritos de seu empenho foram reconhecidos, levando Gherardo a ser nomeado como cardeal da Basílica de Santa Cruz de Jerusalém. Entre os membros mais importantes do alto clero, ele desenvolveria funções de destaque diretamente a serviço dos papas. Durante os pontificados de Honório II e de Inocêncio II, Gherardo desempenhou os cargos de tesoureiro da Igreja e de representante papal na Alemanha. A relevância de suas funções, por si só, já demonstram o grau de influência que possuía. Não é difícil de compreender que após a morte do Papa Celestino II, Gherardo tenha sido eleito, em 12 de março de 1144, para ser o seu sucessor.
O Papa Lúcio II assumiu o comando da Igreja Católica em meio a um movimento revolucionário que abalava Roma. Naquela ocasião, havia uma república estabelecida que tentava privar o papa dos poderes temporais que havia conquistado ao longo dos séculos. Era um péssimo momento para a Igreja Católica, que, acostumada com o crescente poderio, se via em meio a contestações que procuravam limitar sua influência e atuação na sociedade. Lúcio II foi obrigado a articular da maneira que fosse possível para tentar reverter ou, ao menos, relativizar a situação. No mesmo ano em que tomou posse, o papa se encontrou com Rogério II da Sicília para deixar claro seus deveres com a Santa Sé. No entanto, Rogério estava do lado do movimento revolucionário republicano e tentou também impor sanções ao Sumo Pontífice. Só que este não estava disposto a aceitá-las, como seria de se esperar, e manteve firme a posição de independência da Igreja. Rogério então revidou enviando seu general Roberto de Selby para forçar o papa a aceitar suas condições.
O cenário era completamente desfavorável à Igreja Católica. Os nobres de várias regiões de Roma estavam unidos em prol da diminuição dos poderes da Igreja e sua submissão aos interesses temporais. O Senado Romano já havia esvaziado o papa de poderes durante o pontificado de Inocêncio II e, mesmo após ser dissolvido por Lúcio II, estava de volta. Por sinal, a ação do papa serviu para incendiar mais ainda a situação. Em um momento no qual todos se viravam contra a Igreja, uma ação como essa de dissolver o Senado estimulou mais ainda a oposição insatisfeita com o poderio do clero. Ameaçado e em desespero, o Papa Lúcio II pediu o auxílio do Imperador Conrado III contra o Senado, o que também foi um fracasso, pois o imperador se recusou. Havia ainda outro adversário político que causava desequilíbrios às tentativas do papa. Giordano Pierleoni era irmão do Antipapa Anacleto II, cujo cisma se encerrou no papado de Inocêncio II. Giordano era influente e conseguia estimular a oposição ao papa. Quando Lúcio II finalmente conseguiu reunir um pequeno exército para enfrentá-lo, foi derrotado novamente. Mas desta vez a derrota custaria muito caro, já que, durante os combates, o Papa Lúcio II seria ferido seriamente por uma pedrada que deixariam ferimentos graves, resultando em seu falecimento alguns dias depois.
O Papa Lúcio II teve um pontificado muito turbulento e um fim humilhante para um líder da Igreja. Incapaz de controlar a situação, ele permaneceu menos de um ano como líder cristão e faleceu no dia 15 de fevereiro de 1145, aos 50 anos de idade. Como curiosidade, seu papado encerrou um longo período de pontífices que utilizavam a denominação segundo no nome. Seu sucessor foi o Papa Eugénio III.
Fontes:
DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos Papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
FISCHER-WOLLPERT, Rudolf. Os Papas e o Papado. Petrópolis: Editora Vozes.
THOMAS, P. C. A Compact History of the Popes. St Paulos BYB, 2007.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biografias/papa-lucio-ii/