Sirício foi o 38º papa da história da Igreja Católica.
Nascido em Roma no ano 334 viveu aquele que seria o último século do que se pode chamar de dificuldade do cristianismo no Império Romano. Enquanto o paganismo era a religião oficial do império, os cristãos eram severamente perseguidos e eliminados a critério de cada imperador. Houve momentos de graves crises e momentos de relativa paz, mas a situação só apresentou melhores substanciais quando a religião foi declarada oficial do império. A partir de então, os cristãos tiveram que se preocupar especialmente com os problemas internos da Igreja Católica, que não eram poucos, e com as relações políticas. Sirício era um homem comum em Roma, casado e com filhos, mas fiel ao cristianismo e próximo da Igreja Católica. Não se conhece exatamente o número de filhos que tinha, mas conta-se que ele deixou sua esposa e seus filhos para se tornar pontífice. Com o falecimento do Papa Dâmaso I, Sirício foi escolhido por unanimidade no dia 17 de dezembro de 384 para ser seu sucessor. Havia naquele período uma tentativa de autopromoção de Ursino, que se apresentava como antipapa, mas seu prestígio era pequeno e sua iniciativa foi frustrada pela escolha do novo papa.
O Papa Sirício assumiu a liderança da Igreja Católica quando tinha 50 anos de idade. Durante 15 anos dedicou-se ativamente à administração da Igreja, sendo o primeiro papa a escrever decretos. Era um homem calmo e sereno, tinha humildade suficiente para dialogar e evitar o confronto. Sua reputação causou natural agrado a muitas pessoas e, desta forma, conseguiu converter muitos fieis ao cristianismo. Mas Sirício não abria mão de administrar a Igreja de acordo com os preceitos religiosos que acreditava, atuando de maneira a reforçar a doutrina e os dogmas, deixando legados para a história da instituição religiosa. Mesmo tendo sido casado e com filhos, Sirício reforçava fortemente o celibato para sacerdotes e diáconos e proibiu o casamento de membros do clero, deixando, certamente, um reforço na tradição da Igreja que dura até hoje. Outro ponto de destaque de sua administração foi o combate a heresias. O papa condenou várias das doutrinas que pregavam caminhos diferentes para o paraíso através do cristianismo ou que reconheciam Jesus Cristo com essências diferenciadas daquelas determinadas pela Igreja Católica. Ainda que tentasse resolver tudo através do diálogo, e conseguisse em vários casos, não deixava de condenar aquilo que ia contra os preceitos da Igreja. Foi através do assunto heresia que o Papa Sirício se envolveu com a política dos reis no século IV. O Sumo Pontífice se manifestou contrariamente à condenação do Bispo Prisciliano, da Espanha, por heresia, o que o levaria à pena de morte. Criou-se um momento de tensão com o Imperador Magno Máximo, já que o papa declarou-se publicamente contra o veredito e defendeu o povo contra a tirania imperial.
Após seus 15 anos de pontificado, o Papa Sirício faleceu no dia 26 de novembro de 399, aos 65 anos de idade. Seu sucessor foi o Papa Anastácio I.
Fontes:
DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos Papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
FISCHER-WOLLPERT, Rudolf. Os Papas e o Papado. Petrópolis: Editora Vozes.
THOMAS, P. C. A Compact History of the Popes. St Paulos BYB, 2007.