Não se sabe muito sobre a vida de São Patrício, a não ser que realidade e lendas se misturam na composição de sua biografia. Tampouco se pode afirmar com precisão em que ponto das terras galesas ele teria nascido, talvez na comunidade britânica de Banwen, muitas vezes citada como sua cidade natal. O que se pode realmente comprovar é que, posteriormente, como bispo e missionário do Cristianismo, ele disseminou os ensinamentos evangélicos por toda a Irlanda e converteu inúmeros habitantes desta região, muitos dos quais escolheram o caminho do sacerdócio, tornando-se monges.
Somente o ano de seu nascimento está mais ou menos definido – 377 d.C. Segundo palavras do próprio São Patrício, registradas em sua autobiografia, ele seria filho do clérigo Calpurnius e neto do Padre Potius – era normal nesta época viúvos ou indivíduos casados que, em consenso com a cônjuge, abriam mão de seus direitos matrimoniais, enveredarem pelas veredas da ordenação sacerdotal. Ao atingir a adolescência ele teria sido raptado e comercializado como escravo na Irlanda. Até este momento o jovem, membro de uma família muito religiosa, não se preocupava com as questões espirituais, mas ao se ver desamparado na escravidão, em terras desconhecidas, voltou-se para Deus e a ele se devotou durante o período em que foi mantido prisioneiro, ao longo de seis anos.
Patrício aproveitou a oportunidade para aprender o idioma falado pelos celtas, o mesmo com a qual pregaria o Evangelho aos moradores da ilha. Ele também se valeu da condição druídica de seu proprietário, Milchu, para absorver todo o conhecimento possível sobre os druidas. Diz-se que, ao final deste exílio forçado, ele teria recebido a visita de um anjo, o qual lhe teria anunciado que era o momento de retornar para casa, recomendando-lhe que escapasse e se dirigisse ao litoral, onde encontraria um navio pronto para partir.
O capitão da embarcação, porém, teria se recusado a lhe dar uma carona, mas acabou cedendo, desde que ele não se tornasse um empecilho. Depois de vencer inúmeros obstáculos, São Patrício reencontra a família, mas é seqüestrado de novo, liberado depois de dois meses. Em uma viagem para Armorica ele e seus familiares teriam se deparado com a ocupação desta região por pagãos, que executaram todos, com a exceção do futuro santo, aprisionado e escravizado, posteriormente libertado por uma família cristã.
Já mergulhado em sua jornada sacerdotal, servindo a Deus na Abadia de São Martinho de Tours, onde permaneceu por quatro anos, Patrício tem visões sobre sua missão na Irlanda, mas em sua primeira visita o santo é rejeitado pelos pagãos. Depois de amadurecer seu projeto por longos quatorze anos, sob a tutela do célebre São Germano de Auxerre, um dos pilares da Igreja Ocidental, Patrício sente-se pronto para o apostolado no solo irlandês.
Sagrado bispo, ele foi enviado para a Irlanda com o objetivo de combater o pelagianismo - doutrina herética propagada no século V pelo monge bretão Pelágio, que negava a graça e o pecado original. Patrício retornou então à ilha em meados do ano de 433. Afirma-se que, no território irlandês, o santo teria realizado diversos milagres, inclusive um que teria contribuído para a conversão de seu antigo senhor, que ainda o perseguia. Este, agradecido ao bispo, teria concedido ao pregador evangélico um estábulo, que se transmutaria no primeiro templo religioso construído pelo apóstolo na Irlanda, próximo ao qual ele edificou um mosteiro, local em que se hospedaria nesta ilha.
Ao se dirigir para Tara, sede da reunião anual dos senhores e guerreiros celtas, ele foi recebido com hostilidade pelos druidas, a quem combateu com seus milagres, convertendo assim vários líderes tribais e seus familiares. Benen ou Benigno, filho de um destes chefes, tornou-se um de seus melhores amigos, herdando posteriormente sua posição na igreja episcopal de Armagh, construída pelo Bispo, e transformada em prelado metropolitano pelo Papa São Leão Magno. Deste momento em diante tudo se tornou mais fácil para São Patrício.
Ele morre tranqüilamente, sem sofrer nenhum martírio, no dia 17 de março de 461, após cultivar seu apostolado na Ilha irlandesa por 30 anos, legando à posteridade um grande número de discípulos. Ele encontra, atualmente, muitos devotos nos EUA, mais precisamente em Nova York, onde há uma famosa catedral erguida em sua honra, a Catedral de São Patrício.