Ulysses Guimarães foi um político e advogado brasileiro, que ganhou notoriedade nacional por combater a Ditadura Militar que se instaurou no Brasil entre 1964 e março de 1985 e por sua liderança no movimento das “Diretas Já!”. Nasceu no dia 16 de outubro de 1916, na cidade de Rio Claro, São Paulo.
Em 1945 entrou no PSD (Partido Social Democrático), e em 1947 se elegeu deputado na Assembleia Constituinte de São Paulo. Elege-se posteriormente para deputado federal em 1950, obtendo a reeleição duas vezes. Em 1961 foi nomeado ministro da Indústria e do Comércio, embora tenha abandonado o cargo e voltado para a Câmara.
Em 1964 teve início um golpe militar que destitui o presidente João Goulart, e colocou fim ao processo eleitoral direto para a Presidência da República, colocando a chefia do poder executivo nas mãos dos militares. Quatro anos depois, Ulysses se filiou ao único partido de oposição permitido pelo regime: o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), com o intuito de fazer oposição à ditadura, vindo a se tornar o presidente do partido.
Ulysses Guimarães se tornou um ferrenho opositor do regime; em maio de 1978, em Salvador, quando a entrada da sede do seu partido foi barrada por vários policiais, armados de fuzis e baionetas, com cachorros, Ulysses empurrou o fuzil de um dos policiais e entrou na sede.
Em 15 de novembro de 1978, durante as eleições para senadores, deputados estaduais e federais na Bahia, liderou uma caravana no Nordeste, afim de obter mais votos, para confrontar os candidatos do partido dos militares: Arena.
O reestabelecimento das eleições diretas para o senado e governo dos estados, foi aprovado em 1980, e ocorreram em 1982; nela, os candidatos de oposição ao regime obtiveram 44% dos votos, se tornando a maioria nos governos estaduais.
No ano de 1982, Ulysses liderou um movimento que entrou para a história com o nome de “Diretas já!”, o que lhe rendeu o apelido de “Sr. Diretas”. O movimento exigia a volta das eleições presidenciais diretas. O deputado foi apoiado pelo governador de São Paulo, Franco Montoro, que elaborou um manifesto, apoiado pela maioria dos governadores, apoiando as diretas.
No dia 27 de novembro iniciaram-se atos públicos puxados pelo PMDB, PT E PDT exigindo o início das eleições diretas. Em 1983, o deputado do PMDB, Dante de Oliveira, propôs uma proposta de emenda constitucional, para iniciar eleições diretas para a presidência. Na ocasião, Ulysses, junto a Franco Motoro, Fernando Henrique Cardoso e Tancredo Neves, compareceram no Congresso Nacional para a votação da emenda proposta por Dante.
Em 1984, a campanha pelas Diretas expandiu-se para as ruas, contanto com a participação popular. A emenda, entretanto, não foi aprovada no Congresso Nacional, o que significava que a próxima eleição presidencial continuaria sendo indireta. A eleição indireta de 1985, ainda assim, deu a vitória á um candidato civil, Tancredo Neves, e o vice José Sarney, o que colocou um fim ao regime militar iniciado em 1964.
Com o início do processo de redemocratização, também veio a instituição de uma Assembleia Constituinte e as eleições diretas para a escolha dos prefeitos das capitais. Em 5 de outubro de 1988, promulgou-se uma nova Constituição, agora democrática. Ulysses, presidente da Assembleia Nacional Constituinte, de 1987 a 1988, proferiu um famoso discurso durante o evento de promulgação do documento, chamando a nova Constituição de “Constituição Cidadã”, pois segundo ele, o documento traria de volta o direito a cidadania para os brasileiros, perdida durante o regime autoritário.
Em 1989 retornaram oficialmente as eleições diretas para a presidência e Ulysses se candidatou, perdendo, ao obter apenas 4,43% dos votos, porém, se reelegeu deputado federal no ano seguinte.
Durante a crise do governo Collor, Ulysses foi favorável ao impeachment do até então presidente. Mas no mesmo ano, 1992, foi vítima de um acidente de helicóptero, vindo a desaparecer no mar do litoral do Rio de Janeiro, em Angra dos Reis. O corpo de Ulysses Guimarães jamais foi encontrado.
Fontes:
Ulysses Guimarães. In: Fundação Ulysses Guimarães. Disponível em: http://fundacaoulysses.org.br/ulysses-guimaraes/ (30/11/2022).
HOFFMANN, Bruno. Morto há 30 anos, Ulysses Guimarães sempre revelou ter nojo à ditadura. In: Gazeta de S. Paulo. Disponível em: https://www.gazetasp.com.br/brasil/morto-ha-30-anos-ulysses-guimaraes-sempre-revelou-ter-nojo-a-ditadura/1115990/ ( Acessado dia: 30/11/2022).
Biografias da resistência. Ulysses Guimarães. In: Memorias da Ditadura. Disponível em: https://memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-resistencia/ulysses-guimaraes/ (Acessado dia: 30/11/2022).
FICO, Carlos. Rumo à democracia. In: História do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Contexto, 2021. p. 89 – 123.