O termo “Ave de Rapina” é amplamente utilizado para se referir às aves predominantemente carnívoras adaptadas para a caça ativa e captura de presas. Apresentam muitas características em comum, como bico curvo e presença de garras, porém não formam um grupo monofilético. São encontradas em praticamente todos os continentes e suas formas e hábitos variam muito, havendo representantes com pouco mais de 50 g até espécies com mais de 9 kg. Atualmente existem cerca de 550 espécies de aves de rapina conhecidas no mundo, sendo que por volta de 100 espécies ocorrem no Brasil.
A maioria das espécies é exclusivamente carnívora e utiliza principalmente duas estratégias de caça: a partir de poleiros, na qual a ave fica à espreita em um ponto alto e quando avista a presa voa para capturá-la; e caça em voo, na qual os indivíduos buscam ativamente suas presas. As características físicas auxiliam essas estratégias de caça. A visão é extremamente aguçada, de 2 a 8 vezes mais que a visão humana, sendo que algumas espécies enxergam suas presas a mais de 3 km de distância. Seus olhos são grandes e voltados para frente, o que proporciona noção de distância e profundidade. A audição também é muito eficaz na detecção de presas, principalmente para as corujas, que caçam durante a noite. O bico dos rapinantes é extremamente forte, curvo e afiado e são usados para rasgar a pele/carne durante a alimentação. As garras, que também são fortes e afiadas, são as principais ferramentas para capturar e matar as presas.
O forrageio pode acontecer ainda em associação com outros animais. Rapinantes que vivem em ambientes abertos podem acompanhar pequenos mamíferos carnívoros para caçar presas espantadas por eles. Outros seguem macacos e saguis para caçar insetos e pequenos vertebrados. Esse comportamento pode reduzir o risco de predação e aumentar o sucesso do forrageamento. Tais associações podem ser classificadas de três formas: protocooperação, na qual os membros de ambas as espécies envolvidas são beneficiados pela interação, parasitismo, no qual uma espécie é beneficiada e outra prejudicada e comensalismo, na qual uma espécie é beneficiada e a outra não é afetada. Esta ultima interação é a mais frequente nas aves de rapina.
As formas de reprodução são bastante variadas entre as espécies. Os locais de nidificação podem ser sobre árvores, em ocos de árvore, no solo de pântanos, no meio do capim, ou em buracos no solo. Alguns indivíduos ocupam ninhos construídos por outras aves. É comum o uso do mesmo ninho durante vários anos por um mesmo casal. Em geral, dois a três ovos são postos por ninhada e pode haver diferença de tamanho entre os filhotes, sendo que o de menor tamanho pode não sobreviver em períodos de escassez de alimento.
De acordo com suas características fisiológicas e ecológicas as aves de rapina podem ser divididas nos seguintes grupos:
- Águias: aves de rapina de grande porte pertencentes às famílias Accipitridae e Pandionidae. São especialistas na captura de vertebrados terrestres e aquáticos, apresentam boa envergadura, garras bem desenvolvidas e são aves planadoras (utilizam predominantemente o voo planado).
- Gaviões: também pertencem à família Accipitridae e possuem uma enorme variedade de formas e tamanhos.
- Urubus: inclui todas as espécies da ordem Cathartiformes. São carniceiros, alimentando-se de todos os tipos de cadáveres. Possuem cabeça e pescoço nus para facilitar a higiene depois da alimentação. O olfato é bem limitado, com exceção das espécies do gênero Cathartes, sendo a visão o principal sentido utilizado no forrageamento.
- Corujas: inclui as espécies da ordem Strigiformes. Possuem olhos grandes, contornados por discos faciais, asas largas, cauda curta e penas macias, o que lhes garante uma excelente audição, visão, e um voo extremamente silencioso.
Bibliografia:
http://www.avesderapinabrasil.com/
Eduardo Pio M. de Carvalho Filho, Elisiario Strike Soares, Fabio Sarubbi Raposo do Amaral, Ivens G. Guimarães, Jorge Luiz Berger Albuquerque, Jorge Sales Lisboa, Marco Antônio Granzinolli, Marcos Antônio G. Azevedo & Wanderlei de Moraes- Plano de Ação Nacional para a Conservação de Aves de Rapina- Instituto Chico Mendes De Conservação Da Biodiversidade, 2008