As aves marinhas são aquelas espécies que se adaptaram com grande eficiência ao ambiente marinho e têm como habitat e fonte de alimento o mar. Apesar da grande quantidade e diversidade potenciais de alimentos disponíveis, as aves marinhas correspondem a pouco mais de 3% das espécies de aves conhecidas apenas. Podem ser divididas em aves marinhas costeiras - encontradas geralmente próximas aos continentes, e aves marinhas oceânicas ou pelágicas - costumam ser encontradas em alto-mar.
Em geral, essas aves possuem mais penas que as aves terrestres e suas asas e penas são impregnadas com uma gordura que as tornam impermeáveis. Essas duas características permitem que esses animais passem a vida inteira no mar sem praticamente se molharem. Para auxiliar na natação, possuem uma membrana interdigital nas patas. Muitas espécies, como os albatrozes, possuem um pequeno tubo em cima do bico que serve para a excreção do excesso de sal ingerido.
As pouco mais de 310 espécies de aves marinhas existentes, são distribuídas em quatro ordens:
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Ordem Procellariiformes
Composta por 4 famílias e 108 espécies no mundo, dentre elas o Albatroz-real. Reúne a maior parte das aves marinhas. São oceânicas ou pelágicas e geralmente encontradas no hemisfério sul. Os membros dessa ordem são conhecidos pelas ranfotecas da maxila e mandíbula composta por várias placas distintas, pela ponta da maxila em forma de gancho para capturar presas lisas e rápidas, pelas narinas em forma de tubo para excreção de sal e pelas patas usadas para natação, decolagem e pouso na água.
Ordem Sphenisciformes (pinguins)
Composta atualmente por 18 espécies agrupadas na família Spheniscidae, os pinguins ocorrem do continente Antártico até as Ilhas Galápagos. São aves marinhas adaptadas para mergulhar e nadar cujos membros anteriores são modificados em nadadeiras. Também possuem glândulas nasais bem desenvolvidas para excreção de sal. Vão a terra somente durante a reprodução ou quando exaustos, formando grandes colônias conhecidas como pinguineiras. Possuem patas curtas com membrana interdigital entre os dedos e penas semelhantes a escamas. Alimentam-se de uma grande variedade de presas, como pequenos peixes e lulas.
Ordem Pelecaniformes (pelicanos, atobás, fragatas, biguás e rabos-de-palha)
Aves marinhas que incluem 5 famílias com representantes no Brasil. Patas totipalmadas com 4 dedos, a maioria são piscívoras (se alimentam de peixes).
Ordem Charadriiformes
Aves marinhas agrupadas em 4 famílias com 121 espécies e duas subordens - Lari (gaivotas, trinta-réis, skuas e talha-mar) e Alcii (alcas). A Subordem Lari é o grupo com maior quantidade de espécies das aves marinhas.
Algumas das características das aves marinhas as tornam excelentes bioindicadores ecológicos, tais como: são bastante visíveis, num ambiente onde a maior parte dos outros seres vivos se situa abaixo da coluna de água, são fáceis de identificar, a maioria das espécies são coloniais e reproduzem-se anualmente em grandes números e em locais determinados, são relativamente fáceis de capturar durante a época de reprodução e apresentam grande longevidade e, portanto, são sensíveis a impactos ambientais cumulativos. Essas aves podem constituir dois tipos principais de indicadores dos ecossistemas: sentinelas (espécies introduzidas para indicar níveis de degradação) de variações ambientais, como por exemplo níveis de poluição indicados por análises de tecidos, como as penas e indicadores quantitativos de elementos específicos do ecossistema, como por exemplo a abundância de determinada espécie de peixe.
Apesar de possuir o litoral mais extenso inter e subtropical do mundo, o mar brasileiro é em geral considerado pobre em aves marinhas, sendo que apenas 18 espécies podem ser encontradas reproduzindo-se aqui. Apesar disso, cerca de 150 espécies são vistas em território nacional se alimentando ou de passagem, o que evidencia a importância do país para a conservação das aves marinhas e costeiras a nível mundial.
Bibliografia:
Elias Pacheco COELHO; Vania Soares ALVES; Max Luiz Lopes SONEGHET & Fábio de Souza CARVALHO- Levantamento das aves marinhas no percurso Rio · de Janeiro - Bahía (Brasil)- Bolm Inst. oceanogr., S Paulo, 38(2):161-167,1990
http://educacaoambientalnarocha.blogspot.com.br/2013/07/aves-marinhas.html
Joaquim Olinto Branco- AVES MARINHAS- Apostila das aulas de Nectologia do Curso de Oceanografia do CTTMar
Jaime Albino Ramos - As Aves Marinhas Como Indicadores Ecológicos - Departamento de Zoologia Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade de Coimbra.
Joaquim Olinto Branco, Edison Barbieri & Hélio Augusto A. Fracasso - Técnicas de pesquisa em aves marinhas - Ornitologia e Conservação: Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento, pp. 219-235
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/aves-marinhas/