Biocenose (ou biota ou comunidade biológica) é o nome que se dá para o conjunto de populações que coexistem em determinada região (ou biótopo). Os membros dessa comunidade interagem tanto entre si como com ambiente ao seu redor. Essa interação da biocenose com o seu biótopo forma um ecossistema.
A biocenose é influenciada pelos fatores abióticos do ambiente em que vivem como sua composição química, temperatura e pluviosidade. Porém, ela também influencia e modifica esses fatores do biótopo. Por exemplo, bactérias decompositoras mudam a composição química do solo ao liberar os produtos das reações de decomposição de um organismo morto.
As populações que compõem a biocenose também estão sob efeito de fatores bióticos, pois interagem entre si de forma direta ou indireta. As relações dentro da biocenose influenciam os tamanhos populacionais e, ao fazer isso, determinam as abundâncias relativas das espécies. Essa influencia pode ocorrer através do controle populacional gerado a partir de relações de competição ou de predação. Já as plantas e seus polinizadores, por exemplo, compõem um arranjo cooperativo no qual ambas as partes se beneficiam da interação, o que acaba por influenciar positivamente o tamanho de suas populações.
As características das relações alimentares de uma biocenose também governam seu fluxo de energia e a ciclagem da matéria orgânica. Desse ponto de vista de estrutura e organização da biocenose, uma das medidas mais importantes é a riqueza de espécies. Quanto mais diversificada for a biocenose, mais complexa ela é, podendo ter várias espécies compondo um mesmo nível trófico.
Mesmo nas biocenoses mais diversificadas, seus membros devem ser compatíveis entre si e com o ambiente de forma a atingir um equilíbrio ecológico, permitindo a sobrevivência e reprodução dos indivíduos que a compõem. Para isso, as espécies assumem diferentes papéis na biocenose. Por exemplo, enquanto as plantas têm o papel de produtoras, servindo como base para toda a estrutura populacional, grandes carnívoros como a onça-pintada têm o papel de predadores de topo em uma cadeia alimentar. Além disso, as abundâncias relativas das espécies refletem como elas se ajustam dentro dessa comunidade. Assim, espécies mais adaptadas aos fatores bióticos e abióticos que as cercam atingem um número maior de indivíduos em suas populações.
A biocenose pode se organizar como uma comunidade mais aberta quando as mudanças são mais constantes, ou mais fechada quando se apresenta mais estável. Biocenoses classificadas como fechadas se aproximam mais da ideia de unidades ecológicas discretas, pois apresentam fronteiras bem definidas, podendo ser delimitadas por barreiras físicas como uma cadeia montanhosa. Essas fronteiras podem ainda incluir uma região de ecótono, onde há rápida substituição de espécies ao longo do gradiente. Porém, de forma semelhante aos ecossistemas, mesmo biocenoses mais fechadas não têm fronteiras tão rigidamente definidas, ou seja, não há um invólucro que isole essa comunidade de tudo aquilo que a rodeia. Dessa forma, o conjunto de espécies que compõem uma biocenose pode mudar com o tempo, seja em resposta a eventuais perturbações ou a processos naturais daquele ecossistema. Os indivíduos que a compõem são capazes de se mover entre habitats e regiões, e assim, a biocenose se caracteriza mais como algo dinâmico do que como uma unidade discreta, mesmo que a mobilidade de suas populações ocorra em menor escala.
Referências:
Amabis, J. M. & Martho, G. R. 2006. Fundamentos da Biologia Moderna: Volume único. 4ª Ed. Editora Moderna: São Paulo, 839 p.
Ricklefs, R. E. 2009. A Economia da Natureza. 5ª ed. Editora Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 503 p.