Em resposta à crise da biodiversidade que o planeta está experimentando atualmente, surgiu a biologia da conservação, disciplina que tem como principal objetivo a manutenção da diversidade biológica em todos os seus níveis, dos genes aos ecossistemas.
Embora suas raízes sejam bem mais antigas, o surgimento da biologia da conservação como disciplina se deu em 1978, quando o termo foi usado como título de uma conferência em San Diego, na Califórnia, a Primeira Conferência Internacional em Biologia da Conservação.
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Interdisciplinaridade
Apesar do nome, a biologia da conservação não se restringe apenas à biologia básica (ex: zoologia, botânica, ecologia, genética), mas se integra também a outras disciplinas que buscam estudar a natureza (ex: química, física, geografia, geologia), que se ocupam do ambiente social em que praticamos a conservação (ex: sociologia, filosofia, economia), que moldam as formas de se implementar a conservação (ex: educação, direito), bem como a ciências aplicadas (ex: silvicultura, piscicultura, agricultura).
Princípios e pressupostos
A biologia da conservação é guiada por três princípios básicos:
- O papel evolutivo: a evolução é o axioma básico que unifica toda a biologia;
- O teatro ecológico: o mundo ecológico é dinâmico e em grande parte não-equilibrado;
- Humanos são parte do jogo: a presença humana deve ser incluída no planejamento da conservação.
Além disso, se baseia em alguns pressupostos básicos que estão resumidos abaixo:
- todas as espécies têm o direito de existir independentemente de sua abundância ou importância para a humanidade;
- todas as espécies são interdependentes e interagem de modo complexo na natureza, de modo que a perda de uma espécie influencia as demais;
- os humanos vivem dentro das mesmas limitações ecológicas que as demais espécies e devem minimizar os danos ao ambiente já que estes afetam não apenas as outras espécies mas também a si próprios;
- as pessoas devem utilizar os recursos de modo a não esgotá-los, pois têm responsabilidade com as futuras gerações;
- o respeito à diversidade humana é compatível com o respeito à diversidade biológica;
- a natureza possui valores estéticos e espirituais que transcendem o seu valor econômico;
- a diversidade biológica é essencial para determinar a origem da vida.
Aplicações
Graças aos conhecimentos adquiridos nas mais diversas áreas, hoje biólogos da conservação são capazes de entender quais são as necessidades ecológicas de uma espécie ou quais as suas principais ameaças para assim estabelecer formas mais eficazes de protegê-la. São também capazes de compreender como a estrutura da paisagem pode influenciar a dinâmica das populações e seu risco de extinção e aplicar estes conhecimentos para estabelecer áreas de proteção. Ainda, possuem ferramentas que permitem prever o efeito de mudanças climáticas sobre espécies e ecossistemas e assim estabelecer metas para conservação, entre muitas outras aplicações.
Referências:
Alexander, M. Management Planning for Nature Conservation: A Theoretical Basis & Practical Guide. Second Edition. Springer. 2012.
Hunter, M. & Gibbs, J. Fundamentals of Conservation Biology. Third Edition. Blackwell Publishing. 2007.
Meio ambiente: patrimônio cultural da USP. EdUSP, 2003
Reece, Jane B. et al. Biologia de Campbell. 10ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2015
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/biologia-da-conservacao/