A natureza e os animais possuem diversas tonalidades e combinações de cores, e todas elas são geradas por vários fatores. A coloração pode ser de dois típicos: críptica e aposemática. A coloração críptica é a que se confunde com o ambiente, deixando, em certos casos, os animais quase invisíveis a olho nu, fazendo com que passem completamente despercebidos em seus ambientes naturais. No caso de animais com coloração chamativa, a intenção não é se esconder, mas justamente aparecer. Esse tipo de coloração nós chamamos de coloração de aviso, coloração de advertência, ou, usando um termo mais técnico coloração aposemática (aposematismo). O termo aposemático é formado por três radicais: apo = longe de; sema = sinal; atica = série ou conjunto, ou seja, o termo significaria “o conjunto de sinais para afastar”, evidenciando bem a principal função da coloração aposemática.
Animais que possuem coloração aposemática estão enviando uma mensagem muito clara aos outros, e a mensagem é: não me toque, sou perigoso. Esse perigo pode ser evidenciado na forma de impalatabilidade, ou seja, algo que não seja palatável, atraente ao paladar dos predadores, ou mesmo na forma de substâncias tóxicas presentes no animal.
A razão de como esse tipo de estratégia se desenvolveu ainda é discutida por pesquisadores, mas duas hipóteses são mais aceitas: a de que as espécies com coloração de aviso são mais facilmente reconhecidas por prováveis predadores, por sua coloração evidente e a hipótese de que, como geralmente animais com coloração aposemática possuem toxinas eles fazem “questão” de aparecer, fazendo com que os predadores passassem a os evitar o quanto antes. Se o animal é facilmente reconhecido e possui toxinas o predador vai evitá-lo à primeira visão, evitando qualquer tipo de interação conflituosa.
Um dos casos mais evidentes de coloração de aviso é apresentado pelo sapo-dardo-envenenado (Phyllobates terribilis), uma espécie pequena de sapo que apresenta forte coloração amarelada e altíssimo nível de toxicidade em sua pele.
Algumas espécies podem “imitar” a coloração de aviso de outras, um processo que chamamos de mimetismo. As espécies miméticas se parecem com espécies potencialmente perigosas, mas só na aparência, usando dessa imitação para manter os predadores longe. Sendo assim, ao ser avistada, a espécie mimética pode ser confundida com a espécie tóxica ou venenosa, fazendo com que o predador a evite da mesma maneira.
A coloração evidente também pode ter outra função além de sinalizar perigo. Ela pode ser utilizada como “ferramenta de atração”. Além da seleção natural, Charles Darwin descreveu outro mecanismo, o da seleção sexual. Os indivíduos selecionam os melhores parceiros para reprodução, e em sua grande maioria essa seleção parte das fêmeas: elas escolhem os machos. E em algumas espécies a coloração exerce fator primordial nessa seleção, uma vez que quanto mais evidente, mais vistosa e mais chamativa a coloração do macho, mais saudável ele é, logo, um parceiro reprodutivo melhor.
Referências:
Alcock, J. 2011. Comportamento Animal – Uma Abordagem Evolutiva. 9a Edição. Artmed
Harvey, P. H., & Paxton, R. J. (1981). The evolution of aposematic coloration. Oikos, 391-393.
Prudic, K. L., Skemp, A. K., & Papaj, D. R. (2006). Aposematic coloration, luminance contrast, and the benefits of conspicuousness. Behavioral Ecology, 18(1), 41-46.
Vasconcellos-Neto, J., & de Oliveira Gonzaga, M. (2000). Evolução dos padrões de coloração em artrópodes. Oecologia Brasiliensis, 8(1), 14.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/coloracao-de-aviso/