Deriva genética

Por Júlia de Almeida Costa Montesanti

Mestre em Ecologia e Evolução (Unifesp, 2015)
Graduada em Ciências Biológicas (Unifesp, 2013)

Categorias: Evolução, Genética
Faça os exercícios!
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

A evolução consiste na mudança das populações de organismos ao longo do tempo, existindo três mecanismos principais que modificam a composição genética de uma população e provocam mudanças evolutivas: a seleção natural, o fluxo gênico e a deriva genética.

Diferente da seleção natural, que de certa forma segue um caminho direcionado – no sentido que tende a fixar os genes adaptativos e eliminar os deletérios –, a deriva genética ocorre completamente ao acaso.

Pensemos no seguinte: em qualquer população, alguns indivíduos podem, ao acaso, deixar mais descendentes (e consequentemente genes) que outros, fazendo com que a diversidade genética mude de geração para geração de uma maneira aleatória – basicamente, isso é a deriva genética.

Consequências da deriva genética

Um dos efeitos deste processo é a redução da diversidade genética da população. Isso é problemático, pois reduz a habilidade das populações de se adaptarem em resposta a mudanças ambientais, já que não há “matéria prima” (variação) para que a seleção natural possa atuar. Em populações pequenas os efeitos da deriva são mais drásticos, já que as chances de que um determinado gene desapareça para sempre são maiores, aumentando o seu risco de extinção.  Além disso, a deriva genética também pode contribuir para a formação de novas espécies se, por exemplo, uma população pequena e isolada divergir da população original por meio da deriva.

Como ocorre?

Dependendo das circunstâncias e momento da história evolutiva de uma população, a deriva genética pode ocorrer de maneiras distintas. Dois exemplos são o efeito fundador e o efeito gargalo.

Efeito fundador

O efeito fundador ocorre quando uma nova população é formada por poucos indivíduos, seja porque a população original foi drasticamente reduzida ou porque alguns indivíduos migraram para uma nova área. Em ambos os casos, a nova população não possui toda a variação genética da população original, sendo assim, ela apresenta variação genética reduzida. Este fenômeno explica, por exemplo, a alta incidência de doenças hereditárias em populações humanas isoladas.

Efeito gargalo

Já o efeito gargalo ocorre quando mudanças repentinas no ambiente, como desastres naturais e fragmentação de habitat, reduzem o tamanho de uma população e consequentemente a diversidade genética. Um exemplo deste efeito é o que ocorreu com o tetraz-das-pradarias, ave que vivia nas pradarias do estado de Illinois, nos Estados Unidos. A conversão das pradarias em lavouras e pastagens ao longo do século XIX reduziu suas populações drasticamente, chegando a menos de 50 indivíduos em 1993. Isso reduziu também a diversidade genética e levou ao aumento da frequência de genes deletérios. Com isso, comparadas com outras populações da espécie, as taxas de eclosão dos ovos nas populações de tetraz de Illinois eram muito menores, abaixo de 50%.

Referências:

Entendendo a Evolução. IB-USP.

Reece, Jane B. et al. Biologia de Campbell. 10ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2015.

Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!