A ectotermia é o mecanismo de regulação da temperatura corporal a partir de uma fonte de calor externa ao corpo do animal. A produção de calor metabólico é a principal fonte de ganho de calor para um animal endotérmico. Porém, em um ectotérmico, a capacidade de gerar calor metabólico é insignificante quando comparada a quantidade de calor que pode ser obtida a partir do ambiente ao seu redor.
A ectotermia é a forma ancestral de termorregulação dos vertebrados. Apesar disso, ela é tão efetiva e complexa quanto a endotermia, tendo passado pela seleção natural de forma a ser encontrada em muitos organismos viventes, como anfíbios e répteis. Essa termorregulação pode ocorrer com a exposição direta ao sol ou através do contato com um objeto quente, como por exemplo, uma rocha. Essa capacidade favoreceu a conquista de ambientes mais quentes, como desertos, nos quais há maior oferta de calor.
Os organismos irradiam constantemente calor para o ambiente assim como também recebem calor do mesmo, através da incidência de radiação infravermelha. Quando a temperatura da superfície corporal do animal é maior que a temperatura do ar no ambiente ocorre perda de calor por convecção. O contrário também ocorre quando a temperatura corporal for menor que a do ar, o que torna possível o aumento da temperatura corporal do animal através do ganho de calor. Quanto maior é a movimentação do ar no ambiente maior é a troca de calor em ambos os casos. Outra forma de troca de calor ocorre por condução, que segue a mesma lógica da convecção, mas nesse caso a troca ocorre a partir do contato direto do corpo do animal com alguma superfície.
Na maioria dos ambientes a necessidade é de ganho de calor e manutenção do mesmo. Entretanto, os ectotérmicos precisam por vezes resfriar o corpo e, assim como nos endotérmicos, a evaporação cumpre esse papel, sendo realizada a partir da superfície corporal e do aparelho respiratório.
Como os ectotérmicos realizam trocas de calor a partir da superfície corporal, a proporção superfície/volume é um fator importante na determinação da rapidez com que esse calor é ganho ou perdido. Animais pequenos apresentam superfícies proporcionalmente maiores que o volume, o que acelera os processos de perda e ganho de calor. Formatos de corpo mais alongados ou achatados também favorecem essas trocas. Caso esse animal fosse endotérmico, as taxas metabólicas para manter a temperatura corporal seriam muito altas, já que teriam que compensar a perda rápida de calor pela extensa área de superfície corporal. Nesse sentido, a ectotermia se mostra como um mecanismo que permite maior variedade de tamanhos e formas corporais, sendo especialmente mais vantajoso em animais menores ou com formas corporais longas e chatas. Essa variedade, por sua vez, permitiu aos ectotérmicos ocuparem nichos que não seriam viáveis para os endotérmicos. Além disso, como a fonte de calor é externa, a demanda metabólica também é menor o que permite aos ectotérmicos pequenos como salamandras, rãs e lagartos, consumirem presas pequenas, como insetos.
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Referências:
Pough, F.; Janis, C. M.; Heiser, J. B. 2008. A vida dos vertebrados. 4ª ed., São Paulo: Atheneu, 684p.
Schmidt-Nielsen, K. 2010. Fisiologia animal: adaptação e meio ambiente. 5ª ed., São Paulo: Santos, 611p.