São chamadas de espécies exóticas (ou introduzidas) aquelas espécies que se encontram fora de sua área de distribuição natural ou histórica, isto é, que não são nativas da região em que se encontram. Espécies exóticas podem invadir novas áreas geográficas sem que haja interferência humana, no entanto, as atividades antrópicas propiciaram um aumento deste fenômeno. A invasão de espécies exóticas através de atividades humanas pode ocorrer tanto de forma acidental como intencional. Ao colonizarem novas regiões, seres humanos foram responsáveis pela introdução acidental de diversas espécies em determinadas regiões, como é o caso do mexilhão-dourado (Limnoperma fortunei), molusco nativo da Ásia que chegou à América do Sul provavelmente na água de lastro de navios cargueiros. Há também casos em que espécies são introduzidas deliberadamente em áreas fora de sua distribuição nativa com a finalidade de assegurar segurança alimentar ou combater pragas, por exemplo.
Comumente são usadas fronteiras políticas para determinar se uma espécie é nativa ou exótica, mas nem sempre estas fronteiras coincidem com as distribuições das espécies. No seu próprio país de origem, uma espécie pode ser considerada exótica caso seja introduzida num ecossistema no qual não ocorria naturalmente. Um exemplo é o que ocorreu com a planta nativa da Caatinga popularmente conhecida como sansão-do-campo (Mimosa caesalpiniifolia). Usada para a construção de cercas, a planta foi introduzida em vários outros ecossistemas nos quais é considerada exótica, como é o caso da Floresta Atlântica, onde se tornou um grave problema.
Quando uma espécie se estabelece num novo local e se torna autossustentável, ela passa a ser chamada de espécie estabelecida. Muitas espécies exóticas podem ser assimiladas pela comunidade sem causar efeitos drásticos; no entanto, se elas começam a se proliferar sem controle e ameaçar outras espécies, habitats e ecossistemas — potencialmente acarretando em impactos econômicos, sociais ou ambientais —, elas passam a ser consideradas exóticas invasoras. Isso acontece pois, em locais onde não ocorrem naturalmente, espécies frequentemente não encontram competidores ou predadores naturais, o que facilita sua ocupação e multiplicação e ameaça a permanência de espécies nativas.
A invasão por espécies exóticas pode ser tão grave, que é considerada a segunda principal causa da perda de biodiversidade em todo o mundo. Os casos mencionados acima do mexilhão-dourado na América do Sul e do sansão-do-campo na Floresta Atlântica são exemplos de espécies exóticas que se tornaram invasoras. No caso dos mexilhões-dourados, devido à sua reprodução intensa, além de ameaçar as espécies nativas de moluscos e desequilibrar os ecossistemas que invade, estes animais também obstruem tubulações e filtros de água de estações de tratamento, indústrias e usinas — gerando também problemas econômicos
Há inúmeras espécies exóticas invasoras que vêm causando impactos sobre a biodiversidade sul-americana. A introdução de várias de espécies de Pinus (as quais já estamos acostumados) em vários países sul-americanos acarretou diversos impactos, como alterações nas propriedades do solo, na composição de comunidades de plantas e animais etc. Outro exemplo de espécie invasora é a lebre-europeia (Lepus europaeus), espécie nativa da Europa que foi introduzida na América do Sul para a caça esportiva. Desde que chegou ao Brasil, a espécie vem ampliando sua distribuição — devido ao seu alto potencial reprodutivo e flexibilidade ecológica — e, consequentemente, causando danos à agricultura e colocando em risco espécies da fauna local.
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Referências:
Matthews, S. América do Sul Invadida. Programa Global de Espécies Invasoras. Instituto Hórus. 2005.
Mexilhão-dourado. Ibama. 2016
Townsend, C. et al. Fundamentos em Ecologia. 2ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2006.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/especie-exotica/