A figueira pertence à família Moraceae e ao gênero Ficus, que engloba mais de 700 espécies descritas e distribuídas em regiões tropicais e subtropicais. A figueira cultivada, também chamada de figueira comum, é a Ficus carica. É uma das espécies cultivadas mais antigas no mundo, desde os tempos pré-históricos, sendo considerada pelos povos antigos como símbolo de honra e fertilidade. Os primeiros povos a cultivarem a figueira foram os árabes e judeus, em uma região situada no sudoeste da Ásia. No Brasil, acredita-se que a figueira tenha sido introduzida pela primeira expedição colonizadora em 1532 no estado de São Paulo. Mas apenas em 1910 ela começou a ser cultivada comercialmente.
A figueira é considerada um arbusto ou uma pequena árvore, mas quando as condições climatológicas são favoráveis e quando não é realizada a poda, ela pode alcançar seis metros de altura ou mais. No Brasil, por causa das técnicas usadas, como podas anuais, a planta adquire um porte arbustivo, não ultrapassando os três metros. É uma planta de clima temperado, mas apresenta grande capacidade de adaptação a diferentes condições climáticas.
É uma planta caducifólia com folhas grandes e lobadas. É considerada ginodioica, ou seja, existem plantas monóicas e dióicas. As flores são pequenas e se desenvolvem no interior de receptáculo suculento, chamado de sicônio, que na verdade é o próprio figo que conhecemos. Por isso, em sentido botânico, o figo não é considerado um fruto, e sim uma infrutescência. Os figos possuem formato piriforme e sua tonalidade varia desde suavemente esverdeado a violáceo escuro.
O inseto polinizador da figueira é a vespa Blastophaga psenes, que pertence à ordem Hymnoptera. Entretanto, esse polinizador não existe no Brasil, por isso as variedades cultivadas no Brasil não necessitam da polinização para produzir figos, pois eles se desenvolvem por partenocarpia e não por fecundação, apresentando sementes estéreis.
A figueira conhecida como “Roxo de Valinhos” é praticamente a única cultivada em escala comercial no Brasil. Possui esse nome por que foi introduzida no país no município de Valinhos (SP). É uma variedade que apresenta grande valor econômico e boa adaptação a diversos tipos de clima. A fruta é alongada e grande e a coloração de sua casca é roxo-escura. A polpa é rósea avermelhada, macia e possui sabor agradável. É cultivada principalmente nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Mas outros estados como Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e Goiás também cultivam a figueira. Em algumas regiões o cultivo da figueira é realizado através da agricultura familiar, sendo o figo utilizado para consumo próprio e comercialização em mercados locais.
A Roxo de Valinhos se adapta muito bem ao sistema de poda drástica, utilizada pelos produtores brasileiros. Essa poda conserva o porte arbustivo da plantas, que frutifica somente em ramos do ano. A poda de formação da figueira é realizada durante os três primeiros anos após o plantio, com o objetivo de formar uma estrutura adequada para a inserção dos ramos produtivos. Já a poda de frutificação tem o objetivo de regularizar e melhorar a frutificação. Consiste na redução dos ramos frutíferos, evitando-se assim a superprodução da planta, que iria diminuir a qualidade dos frutos e levaria a decadência rápida da planta.
A comercialização de figos apresenta diferentes finalidades. Os frutos verdes são destinados a industrialização para a produção de produtos com alto valor nutritivo, como geleias, doces e compotas. Os frutos maduros são destinados ao consumo in natura. O figo está entre as principais frutas exportadas pelo Brasil, que se destaca como um grande fornecedor de figos para o mundo. Entre os principais países que importam o figo brasileiro estão a Alemanha, Holanda, Suíça, Canadá e França.
Referências Bibliográficas:
Leonel, S. Sampaio, A. C. A Figueira. São Paulo: Editora Unesp. 2011.
Chalfun, N.N.J. A cultura da figueira. Ed. UFLA, 2012. 342p.