O termo fitofisionomia é utilizado para designar o tipo de vegetação típica em uma região ou local, descrevendo sua aparência geral e características que podem ser normalmente associadas a ela mesmo que ocorra em outro lugar. O estudo das fitofisionomias foi crucial para a definição dos biomas globais, permitindo organizar o conhecimento paisagístico da flora, definir o catalogo de espécies típicas de cada bioma e construir planos de manejo e conservação individualizados para cada fisionomia vegetal.
No Brasil, cada bioma apresenta diversas fitofisionomias típicas que permitem compreender a forma e o tipo de vegetação que ocorre associada a cada local. No Cerrado, por exemplo, existem ao menos seis tipos de fitofisionomias classificadas: o cerrado típico (com árvores de baixo porte e tronco retorcido com arbustos ao redor), o campo sujo (com arbustos esparsos e predomínio de gramíneas de aspecto seco), as matas ripárias (que ocorrem nas margens de rios e são consideradas uma transição entre outras fitofisionomias), o cerradão (uma mistura das espécies de cerrado típico com árvores mais altas e típicas de florestas fechadas) e o cerrado rupestre (típico de regiões rochosas com baixa cobertura arbórea).
A Mata Atlântica, que ocorria por todo o litoral do Brasil antes da chegada dos europeus, hoje está restrita a regiões de difícil ocupação (como serras) e reservas ecológicas. É composta por uma grande mistura de fitofisionomias florestais: ombrófila (densa, mista e aberta), estacional (decidual e semidecidual) e zonas de tensão. A fitofisionomia florestal ombrófila é caracterizada por árvores e plantas de folhas largas bem adaptadas a alta umidade. Suas subcategorias se relacionam com a abundancia e densidade de vegetação, tornando a floresta de difícil acesso (densa), de fácil acesso com clareiras e maior distância entre árvores (aberta) e uma situação intermediaria entre estas (mista). As florestas estacionais, comuns nas serras, têm como característica principal a presença de espécies vegetais que se adaptaram a períodos marcados de seca no qual uma parte (semi) ou quase a metade (decidual) de toda a vegetação perde a folhagem no período de estiagem, que comumente ocorre no inverno. As zonas de tensão são definidas como as bordas das florestas em que há contato com a fitofisionomia de outros biomas, resultando em uma mata pouco característica que apresenta mistura de espécies de diferentes biomas.
O bioma Amazônico apresenta fitofisionomias similares a mata Atlântica (floresta ombrófilas densas, mistas e abertas), com grandes áreas de mata ripária formando florestas de várzea e florestas secundárias, definidas pela ocorrência de espécies de replantio que podem estar em diferentes estágios de sucessão ecológica e que não possuem a mesma dinâmica que uma floresta primaria (com espécies vegetais bem desenvolvidas e já em equilíbrio ecológico).
A Caatinga, bioma exclusivo do Brasil que ocorre majoritariamente no Nordeste, possui algumas fitofisionomias particulares, como a mata seca, com árvores medianas e esparsas que crescem em encostas, a caatinga arbustiva e a arbórea, que diferem na composição menor e maior de espécies arbóreas de grande porte, respectivamente. Os pampas, que ocorrem na região Sul do país, são formados majoritariamente por duas fitofisionomias: campos limpos (ocorrência apenas de gramíneas, sem espécies arbustivas) e sujos.
No Pantanal, bioma localizado na região Centro-Oeste do Brasil e também na Bolívia e no Paraguai, encontramos as fitofisionomias de cerrado típico, cerradão e grandes áreas de mata inundável. Na zona costeira há outra fitofisionomia adaptada ao contato constante com a água: o manguezal. Caracterizado por espécies vegetais arbóreas e arbustivas, a flora do mangue apresenta adaptações morfológicas ao efeito das marés e a presença de água salgada, como as raízes aéreas.
Referências:
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Thoen, I.U., 2009. Mapeamento de fitofisionomias do Bioma Mata Atlântica no município de Nova Petrópolis-RS.
Marimon, B.S. and Lima, E.D.S., 2001. Caracterização fitofisionômica e levantamento florístico preliminar no pantanal dos rios Mortes-Araguaia, Cocalinho, Mato Grosso, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 15, pp.213-229.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/fitofisionomias/