Fitoplâncton

Por Joice Silva de Souza

Mestre em Dinâmica dos Oceanos e da Terra (UFF, 2016)
Graduada em Biologia (UNIRIO, 2014)

Categorias: Biologia Marinha, Oceanografia
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Formado por microalgas unicelulares eucariontes, o fitoplâncton é definido como a parcela de organismos planctônicos capazes de realizar a fotossíntese, constituindo a base da cadeia alimentar em ecossistemas aquáticos.

Características

O fitoplâncton é composto por indivíduos de diferentes grupos taxonômicos que apresentam algumas características comuns entre si: todos apresentam núcleo individualizado e organelas complexas em seu citoplasma, além de pigmentos fotossintetizantes (clorofila a, b, carotenoides). Estes organismos, predominantemente autotróficos, também podem ingerir partículas, caracterizando-se em alguns casos como mixotróficos.

Devido à sua alta taxa reprodutiva, o fitoplâncton pode atingir grandes concentrações no meio aquático, alterando a coloração da água, que pode tornar-se vermelha, esverdeada ou de tons marrom-dourado. Ambas características, i.e. estratégia alimentar autótrofa e elevada taxa reprodutiva, podem ser citadas como os principais fatores que transformaram estes organismos na base da cadeia alimentar em ambientes aquáticos. Tal papel apresenta extrema importância para toda a comunidade aquática, visto que a abundância, riqueza e biomassa fitoplanctônica impulsionam a produtividade em todos os níveis tróficos: em ambientes com alta biomassa primária, há o aumento da biomassa zooplanctônica e, por consequência, maior ocorrência de peixes e outros predadores planctófagos. Isto, por sua vez, favorece o desenvolvimento de atividades econômicas como a maricultura e a pesca extrativista. Além destas características, o fitoplâncton também atua como um importante fixador de gás carbônico nos oceanos, sendo um dos grandes responsáveis pela captação de CO2 da atmosfera.

Fitoplâncton. Foto: Prof. Gordon T. Taylor, Stony Brook University (corp2365, NOAA Corps Collection) [Public domain], via Wikimedia Commons

Composição

Segundo a classificação estabelecida em 1996 por Hasle e Syversten, o fitoplâncton é composto por seis classes de organismos. A classe Bacillariophyceae, corresponde as diatomáceas, que são caracterizadas por sua carapaça de sílica, denominada frústula. Já os dinoflagelados (classe Dinophyceae), apresentam como característica dois flagelos que auxiliam na rotação e flutuação de seu corpo, o qual também pode estar recoberto por placas de celulose - as tecas. Estas classes correspondem aos organismos fitoplanctônicos com maior abundância e riqueza no ambiente marinho.

Por outro lado, os membros da classe Chlorophyceae, conhecidos como clorofíceas, são abundantes em água doce, podendo destacar-se também em estuários. O ambiente estuarino também é caracterizado por uma alta abundância de criptofíceas (classe Cryptophyceae), igualmente numerosas em lagoas costeiras. Em contrapartida, os cocolitoforídeos (classe Haptophyceae) e os silicoflagelados (Chrysophyceae) se destacam em regiões oceânicas, sendo os cocolitoforídeos uma importante fonte de produção primária em áreas tropicais.

Impactos

Apesar de constituir um componente essencial para a manutenção da vida nos oceanos e em todo o planeta, o fitoplâncton, em estado de desequilíbrio, pode gerar impactos negativos para a comunidade aquática e a saúde humana. O excesso de nutrientes utilizados no processo fotossintético como fósforo, nitrato, sulfato e ferro (este último pouco disponível em regiões oceânicas, sendo limitante para o crescimento fitoplanctônico), pode acarretar em florações de algas, comprometendo a integridade do meio aquático e de sua biota. Tal desequilíbrio pode ser causado por mudanças climáticas (i.e. chuva, mudanças de temperatura), como também pela atividade antropogênica, que intensifica o processo de eutrofização.

A maré vermelha é um dos fenômenos mais comuns associados ao desequilíbrio fitoplanctônico, e consiste na floração de dinoflagelados que liberam substâncias tóxicas em concentrações extremas, causando a mortandade de animais marinhos e a intoxicação da população humana que alimenta-se de mariscos contaminados. Outras síndromes tóxicas causadas pelas microalgas são a PSP – Intoxicação Paralisante Por Marisco; DSP – Intoxicação Diarreica Por Marisco; ASP – Intoxicação Amnésica Por Marisco e NSP – Intoxicação Neurotóxica Por Marisco.

Referências:

Biologia Marinha. Pereira, R. C., & Soares-Gomes, A. (2002). Rio de Janeiro: Interciência, 2, 608.

Earth Observatory – NASA: https://earthobservatory.nasa.gov/Features/Phytoplankton/

NOOA. National Ocean Service: http://oceanservice.noaa.gov/facts/phyto.html

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