Frutas cítricas

Mestre em Ecologia e Recursos Naturais (UFSCAR, 2019)
Bacharel em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2015)

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As frutas que possuem alto teor de ácido cítrico e outros ácidos orgânicos em seu conteúdo líquido (ou suco) são chamadas de frutas cítricas. Elas são distintas das demais frutas por apresentarem um cheiro característico em suas cascas, advindo de misturas entre flavonoides, limonóides e outros terpenos. São exemplos de frutas cítricas: as laranjas, as tangerinas, os limões, as limas, as grapefruits, as mexericas, os pomelos, as toranjas e todos seus derivados endêmicos ao redor do mundo. Todas essas variedades têm em comum o fato de serem os frutos de diferentes espécies do gênero Citrus (por exemplo, a Citrus reticulata produz laranjas e a Citrus limonum produz limões).

Outras frutas que também possuem ácidos, dentre eles o cítrico, em sua polpa podem ser consideradas frutas ácidas ou semi-ácidas. Popularmente, contudo, elas também recebem a denominação de frutas cítricas. Alguns exemplos são o abacaxi, o caqui, a acerola, a romã, o tamarindo, as uvas e outras. Contudo, como essas frutas são produzidas por diferentes gêneros de plantas (muitas vezes fora da família Rutaceae onde estão classificadas as cítricas), cientificamente deve-se evitar esta confusão.

Variedade de frutas cítricas. Foto: Alexandr Vorobev / Shutterstock.com

Baseados em estudos filogenéticos, acredita-se que as primeiras árvores produtoras de frutos cítricos tenham se originado nas zonas tropicais da Ásia. Com o comércio persa na região do Mediterrâneo, as primeiras mudas de Citrus foram levadas ao Oriente Médio, norte da África e Europa Oriental. Existem antigos registros do império romano que descrevem o cultivo de espécies vegetais cítricas, datados de 300 anos antes de Cristo (A.C.). A laranja e outras espécies de Citrus só vieram para o continente americano durante o período de exploração e colonização portuguesa e espanhola das Américas. Atualmente, a produção global de frutas cítricas ultrapassa a centena de milhões de toneladas ao ano, com a laranja representando cerca de metade da produção anual. O Brasil (60% da produção mundial de suco de laranja), o México e a China se destacam como grandes produtores e exportadores mundiais.

As principais pragas que afetam o cultivo global de frutas cítricas são os ácaros, a mosca das frutas e a cigarrinha. Os danos podem ser diretos, feitos pelas larvas, ou indiretos através de doenças bacterianas transmitidas por estes artrópodes. O controle das pragas geralmente envolve o monitoramento constante e o uso de acaricidas e inseticidas.

A laranja e muitas das outras frutas cítricas possuem elevado valor nutricional. Para cada 100g do fruto, cerca de 85% representa água, com o restante sendo dividido entre carboidratos (de 8 a 12%), proteínas (entre 0,4 e 1,2%), vitaminas (menos de 1%) e minerais (menos de 1%). Frutas cítricas comumente possuem baixo teor de gorduras, representando um importante complemento para a alimentação, especialmente de potássio (cerca de 5% do valor recomendado V.R. por dia para cada 100g de fruto), cálcio (4% V.R.), vitaminas B1, B2, B3, B5 e B6 (8, 3, 2, 5 e 5% V.R. respectivamente), magnésio (3% V.R.) e mais de 60% do valor recomendado diário de vitamina C.

Os limões e as limas são as frutas cítricas com maior teor de ácido cítrico dentre todas do grupo. A cada litro de extrato de limão, calcula-se cerca de 45 g de ácido cítrico. Esse ácido orgânico não representa um item essencial da dieta humana (e não deve ser confundido com o ácido ascórbico ou vitamina C); todavia, estudos nas áreas nutricionais e médicos tem revelado seu benefício na saúde humana, em especial para pessoas com tendência a formação de cálculos renais. Aparentemente, o ácido cítrico atua inibindo a formação das pedras no rim, bem como pode auxiliar o organismo na quebra de pedras pequenas já existentes. O consumo de frutas cítricas frescas, a ingestão de sucos naturais de laranja e limão e o uso de suco de limão como tempero de carnes e saladas são algumas maneiras de aumentar o consumo de ácido cítrico a fim de se beneficiar de seus efeitos para a saúde renal.

Referências:

Gravena, S., 2017. História do controle de pragas na citricultura brasileira. Citrus Research & Technology32(2), pp.85-92.

Huang, H.S., Ma, M.C., Chen, C.F. and Chen, J., 2003. Lipid peroxidation and its correlations with urinary levels of oxalate, citric acid, and osteopontin in patients with renal calcium oxalate stones. Urology62(6), pp.1123-1128.

Tabela Nutricional da Laranja (USDA / United States Department of Agriculture) https://fdc.nal.usda.gov/fdc-app.html#/food-details/169097/nutrients

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