As frutas vermelhas, expressão popular que coletivamente inclui diversos frutos silvestres, surgiu do termo em inglês red berries, usado para designar frutas pequenas, de coloração que varia entre avermelhada e arroxeada e com polpa farta. O termo é usado coloquialmente para designar morangos, cerejas, amoras, framboesas, mirtilo, groselha, açaí, goji berry, jabuticaba e cranberry. Entretanto, também se enquadram na designação de frutas vermelhas outros exemplares que são maiores, mas compartilham a mesma coloração, como a maçã, ameixa, uva e até mesmo a melancia.
Em relação ao sabor, as frutas vermelhas variam grandemente entre si, existindo exemplos azedos, ácidos, amargos e os mais adocicados. Por sua variedade e valor estético, as frutas vermelhas se tornaram uma marca reconhecida em relação ao sabor de geleias, sorvetes, iogurtes e até mesmo recheios para doces e bolos. Esses comumente são uma mistura de compotas ou polpas de duas ou mais frutas, contribuindo para um paladar diferenciado e propriedades nutricionais combinadas.
Em relação especificamente a contribuições para a dieta humana, os frutos vermelhos possuem concentrações elevadas de vitaminas (como a C e a E), agentes antioxidantes que favorecem a saúde da pele, efeitos diuréticos devido ao teor elevado de água e alta concentração de potássio (ambos favorecendo a atividade renal), regulação da pressão arterial e funções cardíacas, fortalecimento de unhas e cabelo e benefícios diversos para o sistema imunológico. De baixo teor calórico, seu consumo moderado não atrapalha no equilíbrio dietético e a alta concentração de fibras em algumas delas auxilia a manutenção de um ritmo intestinal saudável.
Em amoras e framboesas são encontradas uma marcada concentração de ácido elágico, que vem sendo associado com a prevenção a formação tumoral. A cranberry possui em uma composição a substancia proantocianidina, que é reconhecida cientificamente como um inibidor natural de infecções no trato urinário. No Brasil, o açaí é consumido de diversas maneiras, sempre associado à disposição, energia e bem-estar.
Muitas das frutas vermelhas associadas a plantas arbustivas são adaptadas a climas frios (como a framboesa, mirtilo, amora e cranberry), sendo produzidas em grandes quantidades na Europa. No Brasil, nas estações de clima mais ameno, existe um cultivo e consumo mais marcado de morangos, jabuticabas e groselha. Sua coloração atrativa é resultado do acumulo de substancias químicas na casca do fruto, como antocianinas e flavonoides. Na natureza, graças a esta coloração, as frutas vermelhas dispersam suas sementes com sucesso através do consumo animal.
Muitas das características descritas para as frutas silvestres estão presentes nas demais frutas de cor vermelha. Maçãs são tidas como um ótimo auxiliar alimentar do sistema imune, além de prover uma sensação de saciedade. Melancias, devido ao enorme teor de água, auxiliam nas funções renais e contribuem para a formação da urina. As uvas possuem diversas vitaminas e seu consumo direto ou indireto (através da ingestão moderada de vinhos, por exemplo) parece estar relacionado a saúde cardiovascular. As ameixas são tidas como um remédio natural para a prisão de ventre devido à uma grande porcentagem de fibras alimentares associadas a presença de sorbitol, um composto que causa efeito laxante.
Embora possam ser consumidas frescas, a maior parte dos cultivos de frutas vermelhas se destina a usos que envolvem processamento industrial, como a fabricação de sucos, xaropes e outras bebidas, a venda de frutas secas ou ainda como sabor e coloração em uma ampla variedade de alimentos (bolachas recheadas, gelatinas, frutas em calda, recheios de chocolates, tortas e outros produtos de panificação). Um uso menos comum e associado a culturas tradicionais é para a coloração de tecidos utilizando frutos vermelhos espremidos. Esses corantes naturais já foram utilizados em partes da Ásia e por nativos norte-americanos.
Referências:
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