Os fungos por muito tempo foram considerados plantas, entretanto, uma série de características faz com que esses organismos não sejam integrantes do reino vegetal. A principal questão relacionada a isto, está no hábito alimentar fúngico, a qual é classificado como heterótrofo, ou seja, os fungos não são capazes de produzir seu próprio alimento, algo que é básico para todas as plantas (seres autótrofos).
Basicamente, os fungos se alimentam através da liberação de enzimas digestivas capazes de degradar e disponibilizar os compostos essenciais, que posteriormente, serão assimilados pelos fungos. Esse fato faz do fungo um ser único na natureza, por isso, foi necessário criar um reino que enquadrasse todos esses seres, surgindo assim, o Reino Fungi.
Atualmente, são conhecidas mais de 150 mil espécies de fungos, e segundo pesquisadores, a estimativa é que existam mais de 5 milhões de espécies, o que nos leva a conhecer menos de 2% de todo reino.
No Brasil, segundos a bibliografia, há mais de 5700 espécies de fungos brasileiros, entretanto, especialistas sugerem que o país seja responsável por mais de 260 mil espécies; caso esse dado esteja correto, significa que conhecemos apenas cerca de 4% das espécies de fungos brasileiros.
Como é de se imaginar, fungos apresentam uma ampla diversidade, o que leva esses seres a terem diversas características que podem ou não ser aproveitadas de alguma forma por animais e outros seres. Entre elas, podemos citar o uso dos fungos na alimentação, que atualmente é composta principalmente pelos cogumelos e leveduras Saccharomyces spp.
Os fungos comestíveis também são um exemplo do tamanho desconhecimento que temos sobre esses organismos. Atualmente, cerca de 3 mil espécies de fungos podem ser consumidas, e a cada ano que se passa, esse número só aumenta.
O hábito de comer fungos é uma prática difundida em 85 países, por isso, esses organismos são peças importantes na cultura de uma série de povos, que utilizam os fungos comestíveis para rituais e também como fonte de vitaminas, fibras, aminoácidos e proteínas.
A partir disto, surge a classificação que se baseia no uso dos fungos na cultura de um povo:
- Micofilos: povos que se alimentam e usam os fungos para diversos fins culturais e medicinais;
- Não micofilos: povos que não se interessam no consumo de fungos.
Fungos comestíveis - Alimentação brasileira
No Brasil há pouco registros sobre povos tradicionais que se alimentavam de fungos. O pouco que se sabe está relacionado com os indígenas, através dos Yanomanis. Os fungos consumidos por esse grupo, são fungos comestíveis silvestres, entre as diversas espécies, podemos citar:
- Polyporus aquosus;
- Polyporus philippinensis;
- Polyporus tricholoma.
Mas essa tradição só foi descoberta recentemente, até então, especialistas consideravam o Brasil como não micofilo. Mas esse cenário vem mudando a cada dia que passa, e aos poucos uma alimentação a base de fungos vai começando a ser difundida no país.
Atualmente, as espécies de fungos comestíveis mais consumidas no Brasil, são os famosos: champignon (Agaricus bisporus), o shimeji (Pleurotus spp.) e o shiitake (Lentinula edodes).
Assim como os fungos podem ser usados de diversas formas para uma série de benefícios para humanidade, eles também podem ser os responsáveis pela morte de muitas pessoas, afinal, existem uma série de fungos capazes de liberar compostos tóxicos, que ao serem consumidos, podem levar à morte do indivíduo.
Envenenamentos e intoxicações provocadas por fungos acontecem a partir de um não conhecimento de quais espécies podem ou não ser consumidas. Atualmente, uma série de materiais sobre identificação de fungos está sendo produzida justamente para que erros de identificação não coloquem a vida dos consumidores em risco.
Com crescimento das práticas de coleta de fungos comestíveis, é fundamental que a pessoa que for fazer as coletas esteja acompanhada de especialistas na área, para que assim, possa haver uma identificação precisa da espécie a ser coletada. Por isso, caso não tenha experiência em identificação de fungos comestíveis, o mais indicado é não coleta-los para consumo próprio.
Vale salientar também que fungos possuem alta capacidade absortiva, portanto, eles são capazes de concentrar grandes quantidades de metais pesados e radioisótopos em seu organismo, podendo extrapolar 100x a concentração encontrada no solo. Sendo assim, deve-se evitar o consumo de fungos coletados próximos a rodovias e em locais sujeitos a contaminação por agrotóxicos e outros agentes químicos.
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