A Genética clássica consiste nas técnicas e métodos da genética, anteriores ao advento da biologia molecular. As análises genéticas antecedem às observações de Gregor Mendel, mas foi na redescoberta de suas leis, no início do século XX, em conjunto com os experimentos do americano Thomas Morgan e de seus alunos em relação à genética da mosca-da-fruta (Drosophila melanogaster) que a genética clássica nasceu.
Morgan descobriu uma única mosca-da-fruta macho de olhos brancos entre milhares e milhares de moscas de olhos vermelhos, e concluiu que a condição “olhos brancos”, embora herdada precisamente como uma característica mendeliana recessiva, aparecia apenas em machos, sendo uma condição ligada ao sexo. Nos anos seguintes, ele e seus alunos desenvolveram a teoria cromossômica mendeliana de herança. Este trabalho foi tão popular que é considerado um marco da genética clássica.
Por volta da mesma época, cientistas aceitaram que genes situados linearmente nos cromossomos de organismos eucariotos eram os mecanismos principais de herança, inferindo que os genes que estão mais próximos tendem a ser herdados em conjunto. No entanto, existe a possibilidade de estes genes serem herdados em separado, através da meiose e dos processos de crossing-over (cruzamento das cromátides não-irmãs de dois cromossomos homólogos) e recombinação (troca aleatória de material genético durante a meiose), o que aumenta a variabilidade genética da descendência e, portanto, a garantia da sobrevivência.
Em genética clássica, a análise de características biológicas começa com a análise dos mutantes. Cada mutante deve ser testado para checar a herdabilidade da mutação. A análise acontece baseada na observação das proporções fenotípicas (características externas) específicas na prole dos cruzamentos. Os genótipos que podem aparecer num cruzamento monogênico são homozigoto dominante, heterozigoto (monoíbrido) e homozigoto recessivo. Os genótipos de genes que segregam independentes podem, por muitas vezes, serem tratados como extensões da segregação monogênica.
Os quadros de Punnet são muito usado para análises de cruzamentos na genética clássica. Abaixo podemos ver as possibilidades de genótipos em cruzamentos monoíbridos e diíbridos.
P: AA x aa
F1: Aa
F2:
A | A | |
A | AA | AA |
a | Aa | Aa |
P: AABB x aabb
F1: AaBb
F2:
AB | Ab | aB | Ab | |
AB | AABB | AABb | AaBB | AaBb |
Ab | AABb | AAbb | AaBb | Aabb |
aB | AaBB | AaBb | aaBB | aaBb |
ab | AaBb | Aabb | aaBb | Aabb |
Atualmente, algumas ideias da genética clássica foram abandonadas ou modificadas devido ao aumento do conhecimento trazido por descobertas de caráter molecular. Ainda assim, os estudos dos padrões mendelianos de hereditariedade continuam servindo como uma ferramenta útil no estudo de doenças genéticas autossômicas ou ligadas ao X, dos tipos dominante e recessivo. Para estudos de doenças monogênicas podem-se usar os heredogramas, uma representação gráfica para expor a genealogia ou pedigree dos indivíduos relacionados por parentesco. Através de símbolos e sinais convencionais são caracterizados todos os integrantes da linhagem tornado possível observar os fenótipos das gerações e identificar o tipo de herança.
Referências Bibliográficas:
Griffiths, A. J. F., Wessler, S. R., Lewontin, R. C., Carroll, S. B. Introdução à genética. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
Wagner, R. P. Undestanding inheritance: na introduction to classical and molecular genetics. 1992. Los Alamos Science. 20: 1-67.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/genetica-classica/