O termo involução (ou ainda devolução ou evolução reversa), usado na linguagem popular, refere-se à noção de que espécies podem retornar a um estado primitivo ao longo do tempo ― processo que seria oposto à evolução biológica.
A distinção entre evolução e involução, no entanto, não faz sentido, pois se fundamenta na ideia errônea de evolução como sinônimo de progresso, com uma tendência intrínseca rumo a seres cada vez mais complexos. Embora certas características perdidas ao longo curso evolutivo possam sim reaparecer em um dado momento, isso não é diferente da evolução ― que é a mudança das populações ao longo do tempo, e não o progresso. Por exemplo, num dado momento as condições do ambiente podem favorecer um determinado extremo de uma característica, mas nada impede que num outro período o outro extremo seja favorecido.
Além disso, segundo a interpretação do Biólogo Richard Dawkins sobre a Lei da irreversibilidade da evolução (ver Lei de Dollo), em termos estatísticos é improvável que uma trajetória evolutiva possa repetir exatamente o mesmo curso, em qualquer direção, e há estudos que corroboram esta perspectiva ― ainda que, pontualmente, certas características possam reaparecer.
Dessa forma, a ideia de involução não tem respaldo científico.
Referências:
Bridgham et al. An epistatic ratchet constrains the direction of glucocorticoid receptor evolution. Nature. 2009
Dawkins, R. O relojoeiro cego. A teoria da evolução contra o desígnio divino. Companhia das Letras. 1986.
Ridley, Mark. Evolução. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2006