A seleção natural é um mecanismo de evolução que atua diretamente sobre o fenótipo e tende a manter na população características herdadas que aumentam as chances dos organismos sobreviverem e se reproduzirem e eliminar as que afetam negativamente.
Muitas dessas características sob seleção não se apresentam na forma de tipos distintos, mas sim de maneira contínua, como exemplo o tamanho do corpo. A seleção natural pode atuar de três modos diferentes sobre tais características, dependendo dos fenótipos que são favorecidos na população. Estas três formas de seleção são chamadas de seleção direcional, seleção disruptiva e seleção estabilizadora.
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Seleção direcional
Quando a seleção natural favorece um extremo de uma determinada faixa fenotípica, a seleção é chamada direcional. Neste caso, a curva de frequência é deslocada na direção do fenótipo mais vantajoso. Um exemplo desse modo de seleção natural pode ser observado numa espécie de salmão que vive no pacífico (Onchorhyncus gorbuscha). Por conta do uso de redes de pesca que apanham salmões grandes, os de tamanho menor passaram a ter mais chance de sobrevivência. Devido à seleção em favor dessa característica o tamanho médio dos salmões dessa população vem apresentando um decréscimo a cada geração.
Seleção estabilizadora
A seleção estabilizadora é o modo de seleção mais comumente encontrado na natureza. Neste caso a seleção natural atua contra os dois fenótipos extremos e favorece os intermediários. Um exemplo clássico desse tipo de seleção é a associação entre a frequência do alelo responsável pela anemia falciforme e a ocorrência da malária em algumas regiões da África. A anemia falciforme é uma doença determinada por um alelo recessivo (s). Por ser uma doença grave, seria esperado que o alelo s fosse raro na população. Entretanto, em algumas regiões da África eles ocorrem numa frequência muito maior que a esperada, pois há uma pressão seletiva que favorece o caráter intermediário – o heterozigoto Ss – por este conferir maior resistência à malária.
Outro exemplo está relacionado ao peso de nascimento de seres humanos. O peso da maioria dos recém-nascidos varia entre três e quatro quilos e os que nascem mais pesados ou mais leves tendem a ter taxas de sobrevivência mais baixas. Um fato interessante sobre este exemplo é que, em países ricos, devido ao aumento dos partos por via cesariana e à melhora nos cuidados com prematuros, a pressão desse tipo de seleção foi “relaxada” e as taxas de sobrevivência passaram a ser quase a mesma para todos os pesos.
Seleção disruptiva
Na seleção disruptiva ambos os extremos são favorecidos em detrimento do caráter intermediário. Neste caso, se a pressão seletiva for forte o suficiente, a população pode se dividir em duas. Um exemplo é o que ocorre com os tentilhões africanos: numa mesma população há indivíduos com bico pequeno, que alimentam-se de sementes macias, e indivíduos com bicos grandes, especializados em sementes duras. Aves com bico intermediário tendem a ser menos eficientes para manipular tanto as sementes pequenas quanto as grandes, sofrendo seleção contra levando a um aumento na frequência de indivíduo com bicos extremos.
Referências:
Reece, Jane B. et al. Biologia de Campbell. 10ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2015
Ridley, Mark. Evolução. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2006