O caule é o eixo onde se desenvolvem os ramos, as folhas, as flores e os frutos. Ele corresponde a porção aérea da planta, podendo apresentar um tamanho bem reduzido, como nas bromélias, ou atingir até 30 metros de altura, como em uma árvore. As duas principais funções do caule são suporte e condução. Os tecidos que compõem a estrutura primária do caule são a epiderme, que corresponde ao sistema de revestimento, o córtex, que é o tecido fundamental, e os tecidos vasculares, dos quais fazem parte o xilema e o floema.
A epiderme dos caules é recoberta pela cutícula, uma camada de cera, que auxilia na redução da perda de água por transpiração. Este tecido também pode apresentar estômatos e tricomas, como ocorre nas folhas. Internamente a epiderme está o córtex. O córtex possui uma camada externa chamada de exoderme, porém em muitas espécies essa camada não é distinta das demais que o compõem. Células do colênquima e do esclerênquima podem estar presentes no córtex, formando um contínuo logo abaixo da epiderme. Em algumas espécies são encontradas células secretoras de látex ou resina, enquanto em outras o córtex pode conter cristais de oxalato de cálcio.
Na maioria das espécies, a região do córtex é compacta, porém certas plantas apresentam modificações quanto a essa organização. Em algumas, em especial nas aquáticas, são encontradas grandes câmaras de ar no parênquima, formando um tecido chamado de aerênquima. A função do aerênquima é auxiliar na flutuação e também contribuir para a oxigenação dos tecidos. Cactos e plantas com caule suculento podem exibir um parênquima aquífero, que é um tecido com parede celular mais fina capaz de armazenar água. Em caules especializados, como rizomas e bulbos, as células do córtex podem acumular amido, atuando como um tecido de reserva.
A endoderme é a última camada do córtex, sendo a delimitação entre este tecido e o sistema vascular. Logo abaixo da endoderme se encontra uma ou mais camadas de periciclo, tecido responsável pela produção das fibras perivasculares. Em caules com crescimento em espessura (crescimento secundário), o periciclo está relacionado com a formação do câmbio interfascicular, um dos tecidos meristemáticos envolvidos nesse crescimento.
Entre eudicotiledôneas e monocotiledôneas é possível observar diferenças quanto à organização do sistema vascular do caule (Figura 1). Nas eudicotiledôneas, este sistema pode estar arranjado ao redor da medula como um cilindro oco ou em cordões isolados, separados pelo tecido fundamental. Para a maioria das monocotiledôneas, os feixes vasculares aparecem dispersos no tecido fundamental.
O xilema geralmente ocupada uma posição mais interna em relação ao floema no feixe vascular, o qual recebe o nome de feixe colateral. Quando o floema se encontra tanto na parte externa quanto na interna do xilema, o feixe é classificado como bicolateral. Feixes do tipo anfivasais ocorrem quando o xilema envolve completamente o floema, sendo mais frequentes em monocotiledôneas do que em dicotiledôneas. Em algumas espécies de monocotiledôneas, os feixes ainda podem ser biconcêntricos, em que o xilema forma dois anéis concêntricos separados por um anel de floema.
Referências bibliográficas:
Appezzato-da-Glória, B. & Carmello-Guerreiro, S.M. 2006. Anatomia Vegetal. 2ª ed. Viçosa: Ed. UFV, 438 p.
Raven, P.; Evert, R.F. & Eichhorn, S.E. 2007. Biologia Vegetal. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 830 p.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/morfologia-interna-do-caule/