Os peixes representam um dos grupos mais diversos do reino animal, dentre os quais destacam-se os Osteichthyes (peixes ósseos). Estes peixes encontram-se agrupados em duas classes: Sarcopterygii (peixes com nadadeiras lobadas) e Actinopterygii (peixes com nadadeiras raiadas), as quais representam juntas cerca de 90% das espécies de peixe reconhecidas atualmente.
Evolução dos Osteichthyes
Os primeiros registros fósseis de Osteíctes datam do Siluriano. Entretanto, foi apenas durante o Devoniano que estes peixes se diversificaram em duas linhagens: Actinopterygii (actinos = espinhos ou raios, pterygium = nadadeiras) e Sarcopterygii (sarcos = carnosas). Os sarcopterígeos caracterizam-se por nadadeiras pares lobadas, cuja estrutura deu origem às patas dos tetrápodes. Estas são formadas por um eixo ósseo central que dá origem aos raios dérmicos, permitindo a inserção de músculos. Os registros fósseis também revelaram que tais estruturas eram revestidas por escamas espessas, constituídas externamente por cosmina (material semelhante à dentina e exclusivo dos sarcopterígeos).
Por outro lado, indivíduos da classe Actinopterygii possuem nadadeiras sustentadas por raios dérmicos internos, os quais são articulados a partir da base, visto que não ocorre a inserção de músculos nestas estruturas. As nadadeiras podem estar parcialmente (apenas a base) ou totalmente recobertas por escamas, que, nos indivíduos mais primitivos, eram constituídas por uma grossa camada de esmalte conhecida como ganoína (daí o nome escamas ganóides). Atualmente, este tipo de escama encontra-se presente apenas nos peixes da ordem Polypteriformes. Ao fim do período Triássico, uma nova divisão surgiu dentro da classe dos actinopterígeos: a Teleostei. Esta divisão engloba a maior diversidade de peixes, e consequentemente, de vertebrados reconhecidos atualmente. Entre as características presentes nestes animais pode-se citar escamas finas e flexíveis denominadas elasmoides, formadas apenas por uma única camada de osso lamelar. Estas subdividem-se ainda em cicloides (lisas) ou ctenoides (ásperas devido à pequenas projeções em sua borda), de acordo com as espécies de peixe.
Principais características
Mais de 20.000 espécies de peixe compõem o grupo dos Osteíctes, e embora diferenças morfológicas possam ser encontradas entre suas diversas ordens e famílias, certas características são comuns à todas as espécies. Entre estas pode-se citar o endoesqueleto ósseo, formado por numerosas vértebras, que auxiliam na mobilidade destes peixes. Em contrapartida, para sustentar este tipo de esqueleto relativamente pesado, os Osteíctes desenvolveram a bexiga natatória, órgão responsável pelo controle da flutuabilidade. Esta estrutura consiste em uma cavidade preenchida com gás (geralmente oxigênio) ou óleo (apenas algumas espécies), e é responsável por regular a densidade do peixe, permitindo que este mantenha sua profundidade, sem flutuar ou afundar em excesso. Este órgão também pode funcionar como uma câmara de ressonância, permitindo a produção e recepção de som em algumas espécies, e, em linhagens primitivas, atua como um pulmão, sendo responsável total ou parcialmente pela manutenção da taxa respiratória.
Outra estrutura exclusiva dos peixes ósseos consiste no opérculo, cobertura óssea posicionada sobre as brânquias, que possui duas funções: além de proteger este órgão respiratório, o batimento opercular (i.e. abertura e fechamento do opérculo) mantém o fluxo de água pelas brânquias mesmo quando os peixes não estão em movimento, conservando sua respiração.
Estes peixes também caracterizam-se por apresentar escamas dérmicas, que têm origem na camada mesodérmica da pele, e encontram-se fortemente fixadas ao corpo; além disso, estas estruturas são constituídas por tecido ósseo, aumentando de tamanho conforme o crescimento do animal. Os Osteícties também possuem glândulas produtoras de muco, substância que protege o peixe contra infecções e facilita sua locomoção na água (aprimorada também pelo formato fusiforme de seus corpos). Estes peixes apresentam nadadeiras pélvicas e peitorais pareadas, além das nadadeiras ímpares dorsal, caudal e anal. A presença de linha lateral, órgão sensorial formado por células denominadas neuromastos, permite a detecção de vibrações e pressão na coluna d’água, auxiliando na navegação e busca por alimento. Outra característica marcante dos Osteícties consiste na presença de mandíbula e boca terminal com dentes pequenos e cônicos, além de língua que auxilia os movimentos respiratórios.
Referências:
Biologia Marinha. Pereira, R. C., & Soares-Gomes, A. (2002). Rio de Janeiro: Interciência, 2, 608.
Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com/science/swim-bladder
Eu quero biologia. http://www.euquerobiologia.com.br/site/wp-content/uploads/2016/01/3-Osteichthyes-Actinopterygii.pdf
Rede Simbiótica de Biologia e Conservação da Natureza. http://simbiotica.org/osteictis.htm
Wildlife Journal Junior. http://www.nhptv.org/wild/Osteichthyes.asp
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/peixes-osseos-osteichthyes/