Praga biológica é um termo que pode ser utilizado para designar organismos que, quando se proliferam de forma desordenada ou fora de seu ambiente natural, podem causar algum tipo de dano ao ambiente, às pessoas ou à economia.
O termo “praga”, que é muito utilizado na agricultura para se referir a ácaros, insetos, fungos, bactérias e até mesmo alguns vegetais (ex. ervas daninhas), também pode ser empregado para se referir a doenças de animais ou humanos causadas por algum agente patogênico, embora nesse caso, a definição mais apropriada seja epidemia, endemia ou pandemia de acordo com suas dimensões e frequência.
Um tipo bastante comum de praga são as “pragas urbanas”: ratos, baratas, mosquitos, formigas, cupins e traças são algumas das pragas que infestam qualquer centro urbano sendo responsáveis por transmitir doenças como a leptospirose e a dengue. Estas são talvez as pragas mais difíceis de combater uma vez que as deficiências nas áreas de saneamento básico e moradia favorecem a proliferação destes vetores. Apenas de baratas estima-se que existam cerca de 5.000 espécies no mundo (Fonte: Fiocruz).
Geralmente tornam-se pragas as espécies não nativas de um local que ao serem introduzidas nele se reproduzem de forma a prejudicar o equilíbrio ecológico, podendo ocasionar até mesmo a extinção das espécies nativas. Mas outros fatores, também podem ocasionar o surgimento de uma praga.
Um desequilíbrio ambiental, como um desmatamento, por exemplo, pode eliminar diversas espécies de plantas, acabando por destruir, também, o habitat de diversos predadores, como morcegos e aves. Estes, por necessitarem e mais alimento, tendem a sentir primeiro o impacto desse desequilíbrio, podendo fazer com que a população de insetos, suas presas, aumente de forma a se tornar uma praga.
A inserção, acidental ou não, de uma espécie exótica em um ambiente (bioinvasão) onde não exista um predador que possa controlar seu crescimento populacional pode ter dois resultados, ou a espécie exótica morre pela incapacidade de se adaptar, ou se torna uma praga.
Nesse caso, a espécie tende a se proliferar até que as condições do meio se tornem desfavoráveis, se esgote sua fonte de alimentos, sejam tomadas medidas para inibir sua proliferação ou, até que seja inserida de forma controlada alguma outra espécie que possa inibir seu crescimento. A este último caso é dado o nome de “controle biológico de pragas” que se tornou uma alternativa ao uso de agrotóxicos e pesticidas (controle químico de pragas).
Seja devido à falta de informação ou ao simples descuido, o fato é que as pragas fazem parte da história do homem tendo sido relacionadas aos mais diversos fatores, inclusive (e na maioria das vezes), à vontade divina. Para dar um exemplo vamos falar das pragas mais famosas da história, as “10 Pragas do Egito”, relatadas na Bíblia.
Diversas teorias surgiram para tentar explicar que as 10 pragas de fato ocorreram e tem explicações muito mais simples do que imaginamos. Por exemplo, o episódio em que as águas do Nilo se transformaram em sangue, segundo alguns pesquisadores, pode ter ocorrido devido à proliferação de uma alga chamada Pfiesteria Piscicida que causaria hemorragia nos peixes (História Abril) provocando assim, a horripilante mudança no rio (Fonte: História-Abril).
Outras definições para “praga” (Fonte: Glossário-Embrapa):
- Praga: qualquer espécie, raça ou biótipo de vegetais, animais ou agentes patogênicos, nocivos aos vegetais ou produtos vegetais (FAO, 2006).
- Praga exótica: sinônimo de espécie exótica, portanto, uma espécie, subespécie, ou gradação inferior taxonômica, introduzida em local alheio à sua normal ocorrência, tanto do presente como do passado; incluindo qualquer parte de gametas, sementes, ovos ou propágulos de tais espécies capazes de sobreviverem e subseqüentemente, se reproduzirem (McNeely et al., 2001).
- Praga não-quarentenária regulamentada: Uma praga cuja presença em plantas para cultivo afeta o uso pretendido de tais plantas por meio de impacto econômico inaceitável e é então regulamentada dentro do território do país importador (FAO, 2006).
- Praga presente: Qualquer espécie, raça ou biótipo de vegetais, animais ou agentes patogênicos, nocivos aos vegetais ou produtos vegetais presentes em um país, região ou área e que causa danos econômicos, ambientais e sociais.
- Praga quarentenária A1: Uma praga de importância econômica potencial para a área posta em perigo pela mesma e onde ainda não se encontra presente (Brasil, 1995).
- Praga quarentenária A2: Uma praga de importância econômica potencial para a área posta em perigo pela mesma e onde ainda não se encontra amplamente distribuída e é oficialmente regulamentada (Brasil, 1995).
- Praga quarentenária: Uma praga de expressão econômica potencial para a área posta em perigo e onde ainda não está presente, ou se está não se encontra amplamente distribuída e é oficialmente controlada (FAO, 2006).
- Praga regulamentada: Uma praga quarentenária ou não-quarentenária regulamentada (FAO, 2006).
Fontes:
http://www.cenargen.embrapa.br/publica/trabalhos/doc119.pdf
https://www2.cead.ufv.br/espacoProdutor/scripts/verArtigo.php?codigo=21&acao=exibir
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/urbano/pragas_urbanas/pragas_urbanas_como_objetos_de_estudos_ambientais.html
http://www.cenargen.embrapa.br/segbio/temas.html
http://www.cenargen.embrapa.br/segbio/glossario.html
http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/detail/155399.html
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/baratas.htm
http://historia.abril.com.br/cultura/egito-maldicao-pragas-435399.shtml
http://eco.ib.usp.br/lepac/conservacao/ensino/conserva_exoticas.htm
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/praga-biologica/