Os antibióticos ou antimicrobianos são fármacos utilizados no tratamento de infecções bacterianas. A penicilina foi o primeiro antibiótico descoberto e utilizado na área médica, entretanto, logo surgiram bactérias resistentes à penicilina, o que levou à produção de novos fármacos.
De acordo com Silva, Manzotti, Petroni (2011) a resistência aos antibióticos é uma consequência natural da habilidade da bactéria de se adaptar ao meio. Entretanto, o uso desses fármacos deve ser de forma discriminada, à pedido de um médico para tratar uma doença específica. O uso indiscriminado de antibióticos na medicina, pecuária e na agricultura, contribui para a seleção das espécies bacterianas mais resistentes. Assim, fica cada vez mais difícil produzir novos antibióticos capazes de tratar as infecções bacterianas mais severas.
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Como as bactérias ficam resistentes?
As bactérias sofrem alterações genéticas como mutações cromossômicas, transferência de plasmídeos ou por elementos de transposição que as tornam resistentes a determinados antibióticos. Pelo fato dos antimicrobianos possuírem diferentes mecanismos de ação, as bactérias desenvolveram diferentes mecanismos de resistência. Geralmente, a resistência bacteriana aos antibióticos é devido a três fatores: uma mudança na permeabilidade de sua membrana celular, dificultando a entrada do antibiótico na célula; desenvolvimento da capacidade de degradar ou inativar o antimicrobiano; ou uma mutação que altera a estrutura do alvo de um antibiótico de modo que o novo alvo da bactéria não seja mais afetado. Os antibióticos eliminam as bactérias sensíveis a ele, entretanto as que sobrevivem transmitem para as próximas gerações os genes de resistência até criar uma bactéria super-resistente (SILVA, MANZOTTI, PETRONI, 2011).
Quem são as superbactérias?
O termo superbactéria refere-se a bactérias que acumularam genes capazes de resistir à ação de muitos dos antimicrobianos utilizados nos tratamentos médicos, deixando os profissionais de saúde sem muitas opções para combater as infecções. Assim, as opções terapêuticas são reduzidas e os períodos de cuidados hospitalares são prolongados e mais dispendiosos (PAULA,et al., 2016; OLIVEIRA, R., AIRES, 2016).
Entre as espécies com maior resistência a antimicrobianos estão Staphylococcus aureus, Acinetobacter baumannii, Enterococcus faecium, Pseudomonas aeruginosa, Clostridium difficile, Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae. (PAULA,et al., 2016).
Em relação aos S. aureus, a forma resistente à meticilina (MRSA) é a mais comum. Entretanto, um tipo de S. aureus mais resistente que a MRSA é a superbactéria do tipo VRSA (Vancomycin Resistent Staphylococcus aureus) que resiste aos antibióticos meticilina e vancomicina (SANTOS, 2017).
A bactéria conhecida pela sigla KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemases) representa um problema para hospitais em todo o mundo, principalmente para pacientes imunodeprimidos. Ela age produzindo enzimas (carbapenemases) que inibem a ação dos antimicrobianos que possuem anel betalactâmico (SANTOS, 2017).
Como prevenir o desenvolvimento das superbactérias
O principal meio de prevenção é o uso correto dos antibióticos pelo paciente e a conscientização dos profissionais de saúde na utilização discriminada dos antibióticos. No ambiente hospitalar deve-se manter elevada higiene para evitar a transmissão de bactérias para pacientes imunocomprometidos.
Referências Bibliográficas:
OLIVEIRA, R., AIRES, T. Resistência aos Antibacterianos. Gazeta Médica, n. 2, v. 3, Abril/Junho 2016. Disponível em <http://www.gazetamedica.pt/images/gazetas/2/03.pdf>. Acesso em 7 jun 2017.
PAULA, V. G.; QUINTANILHA, L. V.; SILVA, F. A. C.; ROCHA, H. F.; SANTOS, F. L. Enterobactérias produtoras de carbapenemase: prevenção da disseminação de superbactérias em UTI’s. Universitas: Ciências da Saúde, Brasília, v. 14, n. 2, p. 175-185, jul./dez. 2016. Disponível em <https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/cienciasaude/article/view/3847/3276>. Acesso em 7 jun 2017.
SILVA, F. S.; MANZOTTI, K. R.; PETRONI, T. F. Superbactérias: A Evolução da Espécie. Encontro Científico dos Estudantes da AEMS, 2011. Disponível em <http://www.aems.com.br/conexao/edicaoatual/Sumario-2/downloads/2013/1%20(1).pdf>. Acesso em 7 jun 2017.