Deserto Costeiro do Peru

Mestrado em Geografia (UFSC, 2015)
Graduação em Geografia (UFSC, 2012)

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O Peru contém um extenso deserto de planície ao longo da costa do Pacífico e o altiplano andino, chamado de deserto Costeiro do Peru. É o deserto mais árido do país, de formato estreito e acidentado, que se estende por 2.350 quilômetros ao longo de toda a costa do Peru; é uma continuação ao norte do deserto de Atacama, no Chile. Ao norte, entre Piura e Chiclayo, o deserto é uma vasta planície amplamente coberta por dunas migratórias, que é conhecido como o deserto de Sechura.

Perto de Pisco, vários depósitos aluviais se fundem em uma planície estreita e irregular que é interrompida em alguns lugares por montanhas rochosas. Mais ao sul, uma baixa cadeia de montanhas ascende do nível do mar. Uma superfície rochosa profundamente erodida ergue-se a leste dessas montanhas e sua elevação aumenta gradualmente até a base dos Andes.

A maior parte deste deserto é tão seca que apenas 10 ou 15 rios que drenam as encostas andinas para o Pacífico têm volume suficiente para manter seu fluxo através do deserto e chegar à costa. A seção peruana do deserto de Atacama é uma faixa estreita dividida em mais de 40 vales transversais, onde grandes volumes de água descendo dos Andes fluem de outubro a abril. Este deserto é quase desprovido de vegetação, exceto ao longo dos cursos de rios e córregos. Nas encostas, umedecidas por nevoeiro ou garoa rara no inverno, é provável que uma fina camada de Tillandsia cresça, associada a vários líquenes. Esse deserto, como outros desertos costeiros, é um dos poucos onde a maior parte da precipitação é recebida na forma de neblina, conhecidos como deserto de névoa.

Ao longo da costa noroeste do Peru, temos o quente deserto de Sechura, entre as províncias de Piura, ao norte, e Lambayeque, ao sul. Ele atinge uma largura máxima de 150 quilômetros do Oceano Pacífico até a Cordilheira dos Andes e consiste num extenso platô composto de sedimentos terciários que foram dissecados em numerosos blocos. É uma parte do deserto da Costeiro do Peru.

Esquema representativo dos desertos do Peru. Ao norte: deserto de Sechura; Ao centro: deserto Costeiro do Peru; Ao Sul: deserto de Atacama. Ilustração: Hookery / via Wikimedia Commons / CC-BY-SA 4.0

As correntes de água que se deslocam das regiões polares em direção ao Equador transportam água fria. Esses mares mais frios não fornecem tanta umidade para a atmosfera como as correntes quentes, porque a evaporação da superfície é menor sobre a água fria. Se a corrente fria estiver próxima da costa, as frentes oceânicas que se movem para o interior têm relativamente pouca umidade. Assim, as áreas costeiras adjacentes são mais secas que as linhas costeiras típicas. Esse conjunto de circunstâncias pode resultar em um clima mediterrâneo, quente e seco, com verões e invernos chuvosos suaves, se houver uma estação úmida, ou pode levar ao desenvolvimento de uma deserto costeiro. Esse último caso é o que explica a formação do deserto Costeiro do Peru, bem como do Atacama.

O deserto Costeiro do Peru não é homogêneo em flora e fauna, portanto pode ser subdividido em: Deserto de Sechura (Piura e Lambayeque), deserto costeiro (ao sul de Lambayeque até Ica) e Deserto de Atacama (sul de Ica ao norte do Chile).

A região é uma faixa estreita de ecossistemas, do deserto extremo ao mato xerófilo e delimitada, como dito, entre o Oceano Pacífico e os Andes. É estreito, mas se expande bastante nos departamentos de Piura e Ica, com uma largura variável entre alguns quilômetros até 100km. Faz fronteira ao norte com a floresta seca equatorial e ao sul com o deserto costeiro do Chile.

Entre as cidades de Ica e Nazca, o deserto costeiro do Peru é um dos lugares mais secos do planeta. Suas paisagens lembram Marte, exceto pela estreita faixa de vegetação que segue o rio Ica e o famoso oásis de Huacachina. Nessa região encontram-se também as linhas e geoglifos de Nazca, que são gigantescas figuras com linhas retas, espirais e outras formas geométricas formando diferentes desenhos que, acredita-se, foram feitos entre 500 a.C. e 500 d.C. pelo povo Nazca.

Fotografia aérea mostra geoglifo de um macaco no Deserto de Nazca. Foto: Daniel Prudek / Shutterstock.com

Bibliografia:

GUEDES, Maria Helena. Oásis do Deserto. Disponível em: <https://play.google.com/books/reader?id=sRByDwAAQBAJ&hl=pt&pg=GBS.PA11>. Acesso em: 04/12/2019.

LUHR, James F. Earth. Londres: Dorling Kindersley Limited, 2009.

ROIG, Virgilio G. Deserts of Peru. In: MARES, Michael A. Encyclopedia of Deserts. Norman: University of Oklahoma Press, 1999.

Arquivado em: Biomas, Peru
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