Estuário

Por Monik da Silveira Suçuarana

Mestre em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais (UFAC, 2015)
Graduada em Ciências Biológicas (UFAC, 2011)

Categorias: Biomas, Ecologia, Oceanografia
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Um estuário é uma área ao longo da costa onde um rio se junta ao mar. Os estuários são parcialmente fechados, tendo uma conexão livre com o mar aberto, essa conexão pode ser permanente ou periódica. Nos estuários a água do mar é diluída pela água doce, formando um ambiente salobro.

A mistura de água doce e salgada torna os estuários ambientes com características físicas e químicas únicas. Além disso, esses ambientes são fortemente influenciados pelas marés. A salinidade, por exemplo, oscila de acordo com o ciclo das marés, podendo variar verticalmente e horizontalmente na água dos estuários e também de acordo com a estação do ano. A transparência da água e a temperatura são fatores que também costumam variar bastante.

Peixe-boi é um mamífero que habita o ecossistema estuário. Foto: NASA / via Wikimedia Commons

Os estuários possuem elevada produtividade, pois recebem grande quantidade de nutrientes do rio, do mar e até mesmo da própria vegetação que margeia o estuário. Uma vez que os nutrientes entram nos estuários a ação das marés e a mistura das águas evitam que eles sejam perdidos para os sedimentos como normalmente ocorre em água estratificada, e eles tendem a ser reciclados.

Apesar da alta produtividade, os estuários tem uma diversidade reduzida em comparação com outros ambientes marinhos, pois a água salobra é um desafio para a fisiologia dos organismos. Assim, os estuários apresentam um número reduzido de espécies com elevada densidade e biomassa. Os animais que conseguem suportar grande variação na salinidade são chamados eurialinos.

Poucas espécies conseguem completar seu ciclo de vida nos estuários. A fauna de peixes é composta principalmente por espécies marinhas, que utilizam o estuário para desovar, mas passam a maior parte da vida no mar; espécies de água doce que ocasionalmente penetram na água salobra e espécies residentes que permanecem toda a vida nos estuários. Entretanto, muitas espécies marinhas utilizam os estuários como criadouros de larvas, juvenis e sub-adultos, visto que esses ambientes apresentam condições favoráveis ao desenvolvimento desses organismos, como alimentação e abrigo proporcionado pelas plantas.

Garça (Egretta thula) é uma das aves que habitam os estuários. Foto: Adam Kumiszcza (CC-BY-SA-3.0), via Wikimedia Commons

Os estuários também proporcionam rotas de migração para a reprodução de espécies anádromas, como Petromyzon marinus (lampréia marinha) e Salmo salar (salmão), que saem do ambiente marinho em direção aos rios, e para espécies catádromas como a Anguilla anguilla (enguia), que saem do rio para o oceano.

A vegetação dos estuários também é limitada, ocorrendo principalmente bancos de gramíneas e capim dos gêneros Spartina e Salicornia. Na região tropical os estuários apresentam como vegetação os mangues, que são responsáveis por adicionar maior diversidade a esses ambientes.

Apesar de grande importância, os estuários são ambientes ameaçados pela expansão humana. No Brasil, aproximadamente 60% da população ocupa áreas de ecossistemas estuarinos. A destruição desse ambiente influencia negativamente toda a comunidade marinha.

Referências:
Peter Castro & Michael E. Huber. Biologia Marinha. 8 ed. McGraw Hill Brasil; 2012.

https://vidanomar.wordpress.com/ambientes-costeiros/lagunas-costeiras-estuarios-e-deltas/

 

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