Várzea é um tipo de vegetação característico da Amazônia, que ocorre ao longo dos rios e planícies inundáveis. Esse ambiente é periodicamente inundado e está sob o regime hidrológico do Rio Amazonas e de seus tributários mais próximos, por isso é bastante dinâmico, sendo constantemente remodelado pelos rios.
Os rios que inundam a várzea são de água branca, como os rios Amazonas, Madeira e Solimões, que possuem grande quantidade de sedimentos em suspensão originados dos Andes. A deposição de sedimentos e de matéria orgânica submersa torna os solos da várzea naturalmente férteis.
A floresta de várzea apresenta menor diversidade de plantas do que a terra firme, pois poucas espécies dispõem de mecanismos morfofisiológicos que tolerem o ritmo sazonal de inundação. Mas ainda assim apresenta alto valor, pois contempla espécies restritas e características desse ecossistema. Além disso, a várzea apresenta uma alta concentração de biomassa, resultado da grande quantidade de nutrientes no solo.
A estrutura dessa floresta é dividida em dois tipos principais: várzea alta e baixa. A várzea alta acompanha as margens dos rios, onde partículas maiores de sedimentos são depositadas. Nessa região o tempo de inundação é menor e a água seca completamente durante os meses menos chuvosos. Caracteriza-se pela presença de espécies arbóreas como a sumaúma, assacu, andiroba e copaíba, além de palmeiras.
Posteriormente à várzea alta ocorre a várzea baixa, que recebe sedimentos menores. Essa região pode permanecer alagada durante todo o ano, pois sendo o nível inferior ao da margem, parte da água que transborda sobre a várzea alta fica represada nessa região. Essa área é maior que a da várzea alta e apresenta uma vegetação com predominância de palmeiras, em especial o açaizeiro e o buriti.
A fauna de peixes que coloniza os habitats da várzea é abundante e diversificada. Na época de inundação, os peixes passam a explorar a floresta alagada, onde encontram abrigo e abundância de recursos alimentares, principalmente frutos e sementes. Na época de seca a retração das águas obriga os peixes a migrarem para outros locais, como o canal principal dos rios ou lagos permanentes.
As utilizações das florestas de várzea estão centradas no extrativismo vegetal, principalmente do açaí, seringa e andiroba, exploração madeireira, pesca e pecuária de pequena escala. Atividades agrícolas também são desenvolvidas nessas áreas, com o cultivo de milho, cana-de-açúcar, arroz, cupuaçu, limão, laranja, etc. Apesar de possuir certa resiliência, as várzeas são ambientes frágeis. A atual forma de ocupação e uso está levando à degradação progressiva dessas áreas. Essas atividades antropogênicas acabam acelerando a erosão do solo, principalmente pelo fenômeno conhecido como “terras caídas”. Esse fenômeno é comum nessas áreas, resultado do desbarrancamento das margens dos rios.
Referência:
Sioli, H. Solos, tipos de vegetação e águas na Amazônia. Boletim Geográfico, [S.l.], v. 79, p. 147-153, 1964.